MONTES CLAROS

Insegura, comunidade próxima ao Edifício Roma denuncia negligência

Márcia Vieira
marciavieirayellow@yahoo.com.br
Publicado em 25/04/2024 às 19:00.
Ao retornar para casa, Aparecida Dias encontrou um buraco no telhado, causado por pedaços da estrutura do prédio vizinho (ARQUIVO PESSOAL)

Ao retornar para casa, Aparecida Dias encontrou um buraco no telhado, causado por pedaços da estrutura do prédio vizinho (ARQUIVO PESSOAL)

A interdição dos arredores do Edifício Roma gerou uma série de problemas para a região. Recentemente, a Polícia Militar teve que intervir na rua Cassimiro de Abreu, adjacente ao imóvel, a pedido de moradores que se recusavam a retornar para suas residências devido à sensação de insegurança. Um boletim de ocorrência foi registrado, denunciando a negligência por parte da construtora Turano.

A dona de casa, Aparecida Dias, afirmou à reportagem que os hóspedes foram comunicados de maneira informal da situação e outros souberam pela imprensa. “Nós fomos avisados pelo hotel que teríamos que deixar o quarto até o meio-dia da quarta-feira (24) e sem direito ao almoço”, diz Aparecida, que foi até a residência para ver a situação em que a casa estava, se deparou com pedaços de estrutura que haviam caído do prédio no momento da ocorrência. O impacto quebrou o telhado. A vizinha e farmacêutica, Rúbia Caires, destacou: “Saímos de nossas casas de maneira abrupta. E de maneira abrupta retornamos. Não tivemos um comunicado da empresa responsável e lamentamos essa situação”.

Tatiana Costa, estudante e moradora de uma casa nos fundos do prédio, reclama não ter recebido da empresa responsável o atendimento devido. Segundo conta, durante os dias que permaneceu fora de casa, houve um furto de objetos, aparelhos eletrodomésticos e joias, avaliados em cerca de R$ 200 mil. Foi registrado um boletim de ocorrência.

“Não corro o risco de ser assaltada, porque já levaram tudo que tinha de valor. Tenho as camas em casa. A construtora nunca me procurou e o que recebi deles foi uma ‘boa sorte’. Eles têm uma responsabilidade conosco. Saímos de nossas casas a pedido deles”, diz a moradora, ressaltando que espera um contato da construtora para solucionar o seu problema. Outra situação vivida pela estudante envolve um filho de 12 anos, autista, que ao ser avisado do retorno reagiu afirmando que não quer voltar a residir na casa e que tem vários medos. 

A psicóloga Cynthia Sobrinho, ressalta que as ocorrências trazem medo e insegurança, porém, é necessário ter todas as informações possíveis sobre a evolução da situação para tratar de maneira concreta os reflexos psicológicos nos envolvidos e deixá-los mais tranquilas, para que elas possam voltar a consciência, e ter medo de coisas reais, não daquelas possibilidades todas que estão na cabeça, “porque, veja bem, eu posso ter medo de acontecer qualquer acidente em qualquer momento, em qualquer lugar”, analisa Cynthia. “Existe uma realidade, existe algo que é palpável, existem dados, probabilidades. Isso tem que ser informado, porque só aí as pessoas que estão com medo vão sair do mundo do imaginário, que traz medo e ansiedade, e conseguir pensar dentro da realidade”, diz. 

Em relação às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), como o filho da moradora, ela pontua que os autistas têm um funcionamento cerebral próprio, nenhum autista é igual ao outro, depende de variantes como nível de suporte necessário, se adulto ou criança, mas é ideal terem um acompanhamento. 
 
DANOS
A advogada Wanessa Aquino avalia que, do ponto de vista jurídico, a situação é delicada, já que a vizinhança teve que sair de suas casas e comércios foram fechados. “Aqueles que se sentiram prejudicados de alguma forma, sofrendo danos materiais ou morais, caso queiram, podem acionar os envolvidos, para indenização e compensação dos danos”, explica. No caso da criança, a situação deve ser avaliada se houve um agravamento em consequência dos fatos e, nesse caso, buscar o apoio jurídico. 

Em contato com os hotéis, fomos informados de que não havia mais nenhum hóspede alojado pela construtora. Alguns deixaram o hotel na última terça-feira (23) a noite e outros na quarta-feira (24) pela manhã.
 
NOTA
Alessandra Cristina, responsável pela comunicação da Construtora Turano, informou à reportagem que recebeu o contato da moradora Tatiana na quarta-feira (24). “Já estamos acompanhando a demanda e conduzindo tudo nas normas e parâmetros técnicos e legais. Essa família foi acomodada mesmo estando fora do entorno da limitação administrativa imposta ao redor do edifício. Agora, seguiremos dando apoio na sua volta para casa”, disse. 

Questionada sobre amparo psicológico, ela afirmou que, desde o ocorrido, a empresa disponibilizou equipe médica para auxílio aos envolvidos. “A família mencionada, que está fora do perímetro demarcado pelo Corpo de Bombeiros, até então, não havia solicitado atendimento médico”. Com relação à casa ao lado do edifício, ela informou que o reparo no telhado e a limpeza do local foram feitos ontem (24). “Seguimos monitorando todas as situações pertinentes”, finaliza.

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