Zona rural sofre com longa estiagem

Período de seca mal começou e nascentes e rios já estão em situação crítica; produtores amargam prejuízos

Christine Antonini
Montes Claros
28/06/2018 às 05:42.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:03
 (EMATER/DIVULGAÇÃO)

(EMATER/DIVULGAÇÃO)

A falta de chuva em Montes Claros não tem prejudicado somente a população que vive na área urbana, que convive com o racionamento de água há mais de dois anos. Segundo um levantamento da Emater, 20% da população rural está enfrentando uma grave estiagem, o que levou o município a decretar estado de calamidade em 37 comunidades.

São 3.500 pessoas tendo que viver sob uma forte escassez hídrica que afetou a rotina dessa população, o desenvolvimento da lavoura e os animais. A Secretaria de Agricultura está enviando caminhões-pipa para abastecer as comunidades, mas a ajuda chegou a apenas 864 dos atingidos pela seca. 

“Ainda restam mais de 2.600 famílias que não receberam a água do caminhão, pois não temos recurso para a aquisição. Por isso, decretamos calamidade hídrica para tentarmos algum benefício com os governos”, explica o coordenador da Defesa Civil Municipal, Eduardo Marques. 

O mapa pluviométrico aponta que nos meses de junho e julho do anos passado foram registrados 803,2 milímetros de chuva em Montes Claros – volume considerado o menor da média histórica, que é de 1.077 milímetros. Com a falta de chuva, do total de 356 nascentes, 304 continuam secas, vertendo água somente durante os dias chuvosos. Muitas secaram e os leitos dos rios ficaram assoreados, praticamente sem capacidade de armazenamento de água. 

CONSUMO
O técnico extensionista da Emater, José Arcanjo Marques, afirma que o abastecimento de água rural está comprometido também em função do crescimento desordenado de residências rurais. Hoje são mais de 10.800 pontos de consumo, comprometendo o abastecimento das comunidades tradicionais, dos distritos, povoados, propriedades rurais e zonas periféricas da cidade. 

“O município possui na zona rural cerca de 10 mil poços tubulares, sendo cerca de 600 deles de uso coletivo. Hoje, a água subterrânea é a principal fonte de abastecimento para consumo humano e animal e para irrigação. Há, portanto, um grande déficit de poços, caixas d’água e tubos para levar água até as residências”, explica o técnico. 

Mesmo com alguns incentivos do governo federal para o homem do campo enfrentar a seca, muitos produtores rurais não conseguiram salvar a lavoura. Um deles é João Sales que planta hortaliças na região de Mucambo Firme.

“Tive que investir em insumos para o gado não morrer de fome, pois o capim secou, mesmo assim eles estão magros. Não consegui fazer a colheita no período correto, porque a plantação não resistiu. Algumas culturas não desenvolveram e tive que colher antes para não secar”, lamenta. 

A Emater ainda recomenda ao município a adoção de programas que preconizem medidas práticas de conservação de solo e água, como o proposto pela empresa que inclui abertura de tanques e bacias de captação em todas as comunidades rurais para infiltração de águas pluviais no lençol freático.

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