Treinamento de força para idosos tem cada vez mais adeptos nas academias de Moc

Jornal O Norte
16/03/2006 às 11:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:31

Lindiane Reis


Repórter


onorte@onorte.net

O envelhecimento é um processo progressivo e irreversível que ocorre em todos os indivíduos. Na sexta década de vida, uma diminuição mais dramática na força ocorre tanto em homens como em mulheres, embora essa diminuição possa ser ainda mais dramática nas mulheres.




É importante que idosos procurem profissionais para que os


orientem da forma mais adequada
(Fotos: Lindiane Reis)

Sob condições normais, falando sobre o desempenho da força, apresenta seu pico entre 20 e 30 anos; após, permanece relativamente estável ou diminui ligeiramente durante os 20 anos seguintes.

As modificações relacionadas ao envelhecimento sobre o sistema músculo-esquelético constituem, talvez, uma das maiores preocupações para os idosos.

O aumento da expectativa de vida da população idosa levou os estudiosos a focalizar na questão da capacidade funcional e da dependência física. É de conhecimento de todos as perdas na capacidade funcional com o envelhecimento. Tornaram-se, assim, essenciais uma vida ativa e a inserção em programas de atividades físicas regulares de exercícios resistidos, para que possam retardar todo esse processo degenerativo das funções fisiológicas nos idosos.

MASSA E FORÇA

Uma das manifestações mais conhecidas nessa fase da vida é a diminuição da massa muscular e força muscular.  Essas perdas são chamadas de sarcopenia. Devido a esse processo, os idosos vão gradualmente perdendo a força, o que dificulta a execução das atividades diárias, tais como tarefas domésticas, levantar-se de uma cadeira, varrer o chão ou jogar o lixo fora.

O treinamento resistido de força ajuda a preservar e aprimorar essa qualidade física nos indivíduos mais velhos. Isso pode prevenir quedas, melhorar a mobilidade e contrabalançar a fraqueza e fragilidade muscular.

O Sr. Argentino Rodrigues Rocha, 84 anos, teve a iniciativa de entrar na academia há 5 meses. Segundo ele, o treinamento de força está ajudando-o em vários aspectos:

- Passei a ter mais equilíbrio, pois sentia tonturas que às vezes até me faziam cair. Hoje, não tenho mais esse problema. A minha disposição aumentou, a mudança é fascinante tanto fisicamente como no espírito e na mente.

FORMA ADEQUADA

Para o professor de Educação Física, mestrando em Avaliação, Atividade Física e Desporto, Andrey Souza, é importante que os idosos procurem profissionais especializados para que os orientem da forma mais adequada para a realização de atividades físicas regulares. É imprescindível a realização de avaliação física para que se possa prescrever a melhor forma para não causar danos à saúde osteomuscular e cardiovascular.

- Outro fator importante é a participação dos familiares no incentivo. Os filhos e netos têm papel fundamental na adesão dos idosos a programas de atividades físicas regulares, para que melhorem sua qualidade e expectativa de vida - diz o professor.

Andrey destaca que a super-proteção dos familiares pode prejudicar fisicamente a saúde de idosos. Desde que estes não tenham nenhuma patologia que os impossibilite de executar determinadas tarefas.

- A maioria dos familiares não deixa que seus idosos, por exemplo, carreguem as compras do supermercado, vá a padaria a pé, executem tarefas domésticas, fazendo com que eles se tornem cada vez mais sedentários - completa.

NAS ACADEMIAS, IDOSOS AINDA NÃO SÃO MAIORIA, MAS O NÚMERO JÁ É SIGNIFICATIVO

Maria Dalva Siqueira Rocha foi professora de Educação física por 32 anos e, por conhecer bem os benefícios, não abandonou a atividade física. Hoje, ela faz musculação, natação e hidro speener.

- Além da saúde, tenho alegria de viver - diz a ex-professora de Educação Física, Maria Dalva Siqueira Rocha

- Com o treinamento de força, minha vida é mais saudável, pois, quando praticamos atividade física, temos o colesterol baixo, ficamos aptos a enfrentar os problemas do dia a dia e eliminamos de nossa vida o stress. Recomendo a prática de exercícios para todos, eu acho a musculação essencial – diz Maria Dalva.

Para a geriatra Raquel de Queiroz Muniz, o processo normal fisiológico do envelhecimento não pode ser considerado incapacitante. O desempenho de um idoso para qualquer atividade física pode ser melhorado, independentemente da idade. O treinamento de força pode diminuir os níveis de pressão arterial, melhorar o débito cardíaco, retardar ou reverter as alterações relacionadas ao envelhecimento.

- Os programas de treinamento de força para idosos devem ser adaptados a cada indivíduo. A avaliação clínica deverá ser feita antes de se iniciar o programa, visando fornecer informações para, então, estabelecer os objetivos.  A intensidade do exercício pode ser orientada pelo teste ergométrico. Os exercícios de aquecimento e alongamento e a progressão cuidadosa das atividades ajudam a evitar lesões.

- A população idosa requer avaliações individualizadas de sua condição de saúde e da tolerância ao esforço, para determinar o treinamento de força - conclui Raquel.

VOLTA AO CONVÍVIO

Os estudos comprovaram ainda que um dos principais benefícios da atividade física é a melhora do estado depressivo que acomete a maioria dos idosos, pelo isolamento natural que ocorre com o passar da idade, principalmente após a aposentadoria. A volta ao convívio social, tendo contato com outras pessoas, é extremamente importante para o estado psicológico, ajudando a dar ânimo para a vida.

- Atividade física é saúde, alegria é estar bem com o corpo e com a mente, diz Cida Albuquerque

Maria Aparecida Albuquerque, 58 anos, está na academia há cinco anos. Segundo ela, os resultados ultrapassam a boa forma física:

- Os benefícios que tive, a partir da atividade física, foram vários. Tenho uma vida mais saudável, me sinto outra pessoa, mais solta, mais alegre, mais valorizada. Os medicamentos foram substituídos pelos exercícios físicos, não tomo remédio nem para dor de cabeça.

REALIZAÇÃO PROFISSIONAL

Para o professor Eduardo Tupinambá, estar presenciando todos esses resultados é uma realização profissional:

- Além dos benefícios neuro-musculares e fisiológicos, percebo que a atividade física melhora na convivência e bem-estar dos alunos. Eles se sentem úteis e preparados para enfrentar a rotina do dia a dia. Um ponto interessante é que aprendo muito com eles, o vínculo não é só de professor-aluno e sim de amizade.

As pessoas na faixa dos 30 anos devem ter uma rotina dividida em 80% de exercícios aeróbicos e 20% de condicionamento de músculos. Aos 40, a proporção deve ser de 70% de corrida e 30% de musculação. E aos 60 anos, essa relação deve ser de aproximadamente 50% para cada modalidade, segundo pesquisas realizadas no próprio centro de treinamento.

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