Taxa de lixo chega, mas coleta não

Moradores do bairro Monte Carmelo I reclamam da precariedade do serviço, que favorece bota-fora

Manoel Freitas
Montes Claros
12/07/2018 às 07:27.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:21
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Enterrando de vez uma das promessas de campanha do atual prefeito, a Taxa de Limpeza de Resíduos Sólidos começou a ser cobrada pela Prefeitura – mesmo com a coleta de lixo ainda sendo realizada de forma muito precária em Montes Claros, quando chega a acontecer.

A situação revolta moradores, principalmente aqueles que têm que conviver com o acúmulo de rejeitos perto de casa, formando verdadeiros lixões a céu aberto. Cenário que favorece a proliferação de ratos, escorpiões, insetos e doenças.

É o que acontece no bairro Monte Carmelo I. Ele é apenas um exemplo da situação que se repete em outros locais da cidade. Por causa da coleta ineficiente, lixo e entulho são depositados na esquina da rua 100 com a avenida Deputado Plínio Ribeiro (BR-135).

Além de atrair ratos, baratas e moscas, com riscos de doenças à população que paga o imposto que seria extinto, por causa do abandono o local passou a ser ponto de prostituição e tráfico de drogas. Como se não bastasse, os moradores são assaltados à luz do dia. 

A família de Maria Zorilda Pinheiro Lima, de 63 anos, que reside há 20 na rua Berilo, esquina com a rua 100, paga R$ 86 pela coleta do lixo e está indignada com a situação.

“É um absurdo, porque o prefeito prometeu extinguir a taxa de lixo se fosse eleito. Além de não cumprir a promessa, o lixo e o entulho se acumulam dia após dia”, reclama.

Eva Regina Ferreira Silva, de 58 anos, que mora na rua 100 há 19 anos, bem próximo do lixão, reforça o protesto contra a cobrança da taxa e o descaso da Prefeitura com a cidade.

“Os vizinhos já reclamaram, ligaram para a Prefeitura, correram atrás e nada”, lamenta.
 
CRIMINALIDADE
Além dos problemas de saúde e do mau cheiro que o lixo acumulado provoca, os moradores reclamam que o local, abandonado e escuro à noite, favorece a criminalidade na região.

“Mesmo durante o dia, a gente passa onde o lixo se acumula correndo risco, como ocorreu com minha sobrinha, que foi assaltada às 15h”, desabafa Zorilda.

Além dos roubos, o local serve de ponto de uso de drogas e para encontro com travestis. 

A costureira Maria do Socorro Martins Freitas, de 65 anos, também moradora da rua 100, chama atenção para outro problema. Segundo ela, os moradores se uniram para pagar o asfaltamento, “na expectativa de que fosse o bastante para evitar o lixo e o entulho, porque se esperássemos pela Prefeitura, não conseguiríamos nunca”. Mas não foi o suficiente.

COBRANÇA 
Enquanto o município, via Secretaria de Serviços Urbanos, não faz a coleta de forma a resolver o problema, os boletos distribuídos pela Secretaria de Finanças determinam que o imposto tem que ser pago até 16 de julho.

Se o pagamento for feito à vista, o desconto é de 4%, igual percentual que incide como multa sobre a quitação fora do prazo e na hipótese de parcelamento em quatro meses.

Mesmo afirmando reiteradas vezes na propaganda eleitoral que iria “acabar com a taxa de lixo” por ser “ilegal” e “não funcionar”, o prefeito Humberto Souto vai utilizar para recolher a Taxa de Limpeza de Resíduos Sólidos o mesmo sistema usado para recolhimento do Imposto Predial Territorial e Urbano (IPTU) – aproximadamente 80 mil estabelecimentos vão receber o boleto, entre residenciais e comerciais.

O Jornal O NORTE encaminhou, por escrito, um pedido de resposta sobre a situação do bairro Monte Carmelo I ao secretário de Comunicação Social, Alessandro Freire. 

Até o fechamento desta edição, porém, não foi prestado nenhum esclarecimento nem por telefone nem por e-mail.

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