(Márcia Vieira)
O Restaurante Popular de Montes Claros, localizado no prédio do Mercado Central, segue de portas fechadas, deixando centenas de pessoas sem a opção de uma refeição boa e barata.
Depois de receber centenas de reclamações dos moradores, o vereador Valdecy Contador recorreu à deputada Raquel Muniz pedindo apoio para garantir a reabertura do espaço, já que existe uma contrapartida do governo federal para a manutenção do restaurante.
“Pedi à deputada para nos ajudar nesta luta, pois a reabertura do restaurante é uma medida de grande valia para Montes Claros. Vamos solicitar ao secretário a prestação de contas para saber exatamente o que está sendo feito”, disse o parlamentar.
O Popular foi interditado no fim de 2016. De acordo com o Comandante Spínola, do Corpo de Bombeiros, a medida foi adotada porque foi constatado um vazamento de gás. Com a vistoria, outros problemas apareceram. “Parte da tubulação está oxidada, extintores estão vencidos e há o risco iminente (de incêndio). Neste caso, a interdição foi necessária”, afirmou.
O comandante ressalva que, feitas as adequações e atendidas as normas de segurança, a reabertura é possível e até “necessária”.
O assunto já foi discutido em Audiência Pública e os representantes do município foram enfáticos ao dizer que a “possibilidade de reabertura estaria descartada, já que o restaurante não trazia lucros e sim, prejuízo aos cofres públicos”. Na ocasião, o Diário oficial revelou que mesmo com o fechamento a prefeitura contratou funcionária para atuar no Restaurante Popular. O fato gerou polêmica, a funcionária foi exonerada e o assunto, temporariamente sepultado.
Passados três meses, O NORTE procurou o secretário de Desenvolvimento Social, Aurindo Ribeiro, que declara não ter uma definição ainda sobre a situação do restaurante. “Estamos fazendo estudo minucioso para avaliar a situação e é difícil falar sobre prazo. O restaurante dava excessivo prejuízo ao município e concorria com os próprios comerciantes do local”, disse o secretário.
Para a deputada Raquel Muniz é necessário que o local volte a funcionar. “Moradores de rua, pessoas que estão desempregadas e estudantes que estão em Montes Claros buscando um futuro melhor usufruíam desta refeição e precisam da alimentação a baixo custo e nutritiva. Vamos trabalhar para ajudar no retorno do restaurante.
Moradores ficaram sem opção
O fechamento do Restaurante Popular representa prejuízo para quem fazia as refeições no local e também para os agricultores da região, diretamente beneficiados com a comercialização dos produtos utilizados no preparo das refeições por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Segundo o secretário de Desenvolvimento Social do município, Aurindo Ribeiro, os agricultores não sofreram perdas, já que “continuam fornecendo alimentos para a prefeitura em escolas e outros locais”. O secretário não soube precisar o número de fornecedores.
Todos os dias, mil refeições eram servidas em bandejões, acompanhadas por suco ou sobremesa, que variava entre frutas e doces. Na gestão passada foi incluída também a refeição noturna, com sopas e caldos, que custava R$ 1 para consumo no local ou RS 1,50, “para viagem”.
Parte do recurso investido no restaurante era subsidiado pelo Governo federal – que construiu o local e custeou maquinário – com contrapartida do município.
Maria Beatriz, moradora do bairro Santo Antônio, trabalha como diarista e fazia as refeições no restaurante Popular entre uma e outra faxina.
“Montes Claros perdeu uma grande referência. Me sinto prejudicada e me preocupo mais ainda com as outras pessoas. O fechamento é uma crueldade com os mais carentes”. (MV)