(Vitor Costa)
Os camelôs estão cada vez mais presentes na paisagem da cidade de Montes Claros. Estima-se que cerca de 100 ambulantes estejam trabalhando de forma completamente informal pelas ruas do município vendendo vários artigos, como adornos, comidas, bebidas, DVDs piratas e uma grande variedade de frutas. Eles se concentram principalmente nas calçadas no entorno de agências bancárias e supermercados.
Com uma banca de frutas improvisada, Júnior Santos trabalha há dois anos em frente a um dos maiores supermercados da cidade, com quem sempre se relacionou sem conflitos. “Nunca enfrentei problemas com o supermercado. Procuro limitar meu espaço para não prejudicar o comércio deles”.
Os produtos comercializados, segundo Júnior variam com a época, assim o lucro também depende do período. “O melhor período é entre outubro e janeiro. Tenho vontade de abrir um negócio, mas falta oportunidade e capital de giro, diz
APERTO
Paulo Pereira era pedreiro e trabalha há cinco anos na Rua Coronel Prates vendendo coco. Aposentado, recebe um salário mínimo e precisa comprar remédios caros não disponíveis na rede pública. O mercado informal foi solução. “Já cheguei a vender até dez cocos por dia. Ajuda na renda mensal”.
Vilson Soares de Souza trabalha há 20 anos com temperos no centro da cidade, e lamenta não ter um lugar fixo para trabalhar. “Quando abriu o Shopping Popular só levaram o pessoal das lojas, nós que trabalhamos com frutas, temperos e coisas de época nunca fomos convidados”, disse.
CDL cobra providências
Não são todos os comerciantes que toleram a ação dos camelôs em suas portas. Eles reclamam que a fiscalização da prefeitura está aquém do necessário. O problema teria se agravou depois que a administração municipal demitiu os fiscais, em janeiro deste ano.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Ernandes Ferreira, defende a retirada dos camelôs da região e a definição de um espaço adequado para eles, especialmente agora em que o comércio legalmente estabelecido sente os reflexos da crise econômica.
“O centro comercial é um cartão-postal da cidade, que precisa de tratamento diferenciado da administração municipal. Embora entendamos que estas pessoas também têm de garantir a sobrevivência, o que é legítimo, não é justo que o façam de forma desorganizada, como ocorre, em prejuízo do comércio”.
Maurício Gonçalves possui um estabelecimento comercial no Centro da cidade e diz que existe uma concorrência desleal com os ambulantes, que nada recolhem aos cofres. “Alguns colegas já sentiram o impacto no bolso. A atuação deles precisa ser disciplinada, porque está atrapalhando nós que estamos na legalidade. Falta a prefeitura disciplinar a atividade”.
Procurada a prefeitura apenas informou que no dia 10 de Junho foi realizada a “Operação Camelô”, que teria retirado de circulação “os ambulantes que estavam comercializando produtos, sem a licença municipal em espaços públicos”.
A Medida que não surtiu efeito, já que no dia seguinte eles retornaram às atividades e nos mesmos lugares.