Quatro mulheres agredidas por dia

Número corresponde às queixas oficiais; autoridades acreditam em subnotificação por vergonha das vítimas

Christine Antonini
Montes Claros
27/03/2018 às 00:46.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:03
 (Redes Sociais)

(Redes Sociais)

Uma mulher de 30 anos foi baleada na cabeça pelo ex-companheiro ontem, no bairro Vila Telma, em Montes Claros. A vítima foi atendida pelo Samu e está estável.

O crime reflete o atual cenário da cidade, onde são registrados pelo menos quatro casos de violência doméstica por dia na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher.

Nem o rigor da Lei Maria da Penha impede que a violência doméstica continue sendo acentuada na região, no país. Segundo a pesquisa Data Senado, de 1.116 mulheres ouvidas, 71% sofreram violência doméstica ou familiar praticada por um homem. Também ontem, em São Francisco, uma mulher levou uma facada no ombro. O agressor, ex-marido dela, se matou – ela foi socorrida e está fora de perigo.

A coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher de Montes Claros, Maysa Rodrigues, afirma que o número de ocorrências era para ser maior, mas ainda há resistência das vítimas em denunciar o agressor.

“O número, infelizmente, é maior, pois a vítima tem vergonha de denunciar. O mais grave é que os crimes estão cada vez mais violentos, com mortes cruéis, envolvendo até torturas”, destaca a coordenadora.

Ainda sobre a pesquisa Data Senado, 53% das entrevistadas disseram que a Lei Maria da Penha protege em partes. Uma mulher que tenha sofrido abuso, seja ele físico ou psicológico, precisa de amparo, acolhimento, pois, após a agressão, a vítima se sente acuada e com medo.

Em Montes Claros, há oito anos, existe a Casa Esperança que acolhe mulheres e filhos vítimas da violência doméstica. A instituição oferece assistência à mulher, prestada de forma articulada com políticas públicas de assistência social, saúde, educação, segurança pública de proteção emergencial, quando for o caso.

Também são promovidas ações de acolhimento psicossocial, resgatando autoestima da vítima e dos familiares, reforçando o empoderamento da mulher.

“É um serviço de caráter sigiloso e temporário, no qual as usuárias permanecem por um período determinado, durante o qual deverão reunir condições necessárias para retomar o curso de suas vidas”, explica a coordenadora da Casa Esperança, Noeme das Graças de Oliveira Lemos.
 
SEMINÁRIO
Hoje, o curso de psicologia das Faculdades Funorte realiza seminário com o tema: “Violência contra a Mulher: aspectos subjetivos, históricos e políticos de resistir”. O evento é gratuito e os interessados devem se inscrever no site www.funorte.edu.br. Os participantes receberão certificados de 4h.

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