Protesto até nas Festas de Agosto

Verba municipal para ajudar grupos de catopês só chegou duas horas antes dos desfiles e gerou revolta nos integrantes

Manoel Freitas
O Norte - Montes Claros
21/08/2018 às 07:11.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:01
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Pela primeira vez na história, os catopês, marujos e caboclinhos usaram a celebração nas Festas de Agosto para protestar contra a Prefeitura de Montes Claros e a Secretaria de Cultura. Abrindo a manifestação cultural, uma faixa trazia dizeres repudiando o que eles consideraram falta de respeito com os grupos da cidade.

A verba destinada aos seis ternos dançantes para ajudar os integrantes na aquisição de instrumentos e vestes só foi liberada duas horas antes do início do evento.

À frente da manifestação, Iderielton Oliveira da Cruz, o Mestre Tim, de 46 anos, 45 desfilando pelas ruas e avenidas da cidade. 

Mais do que o atraso no repasse da verba, o mestre Tim disse que, na última sexta-feira, após as apresentações do Reinado de Nossa Senhora do Rosário, a Secretaria de Cultura não cedeu ônibus para os 75 integrantes. “Uma falta de respeito. Fomos embora às 2h30, a pé. Gente de todos os bairros –Santa Rafaela, Santo Inácio, Monte Sião. Isso não pode acontecer”, reclamou. 

Genilson Pereira de Souza, de 45 anos, que há 17 faz parte da marujada, disse que o grupo viu no protesto uma forma de tornar público o descaso da administração municipal para com a cultura local. “O mestre Tim teve que tomar dinheiro emprestado. A verba saiu poucas horas antes”, disse o catopê, ressaltando que “Mestre Tim é exemplo de fé, tradição e honestidade, porque, além de prestar contas à Prefeitura, informa para cada um onde aplica o dinheiro que recebe”. 

Luiz Koer, morador do bairro Todos os Santos, disse que a manifestação “é muito justa, porque a atitude do prefeito e do secretário é um desrespeito à população”.

“Peço desculpas a vocês, porque um terno de folia, infelizmente, se sujeitou a fazer uma campanha eleitoral”, disse o mestre de cerimônia Aroldo Pereira. A Secretaria de Cultura não falou sobre o repasse de verbas.

Polêmica à parte, muita emoção marcou o último dia das Festas de Agosto. Nos cemitérios do Bonfim e Parque Jardim Esperança, aconteceu a homenagem póstuma aos “mestres ausentes”, ao ritmo dos instrumentos musicais e canto da voz embargada dos catopês.

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