(VITOR COSTA)
Pelas ruas de terra onde os moradores do bairro Santa Eugênia circulam, diariamente, não faltam buracos, valas, muita poeira no tempo seco ou lama no período da chuva. Mas, para a Prefeitura de Montes Claros, não há problemas: nos registros do Executivo todas as ruas do local são asfaltadas.
Mas bastaria servidores dos órgãos municipais darem apenas uma voltinha para verem que o quadro é bem diferente, como as fotos feitas por O NORTE mostram.
As cerca de 300 famílias que residem no bairro convivem com vias intransitáveis. E não adianta reclamar na prefeitura, dizem os moradores, porque a resposta é sempre a mesma: as ruas já têm asfalto no sistema e, por isso, não há projetos para solicitação de verba para pavimentação.
“Por isso, a maioria das pessoas que vieram morar aqui no início do loteamento do bairro já mudaram, por causa da falta de infraestrutura”, relata uma moradora que vive no bairro há 30 anos e pediu para que não fosse identificada.
Além de conviver com muita poeira durante a maior parte do ano, no período chuvoso, a enxurrada castiga os moradores que vivem na parte mais baixa do bairro, com água chegando aos joelhos.
“Se você observar, as casas da rua V têm a construção mais elevada devido à força da correnteza. O morador da esquina fez até um muro extra para tentar conter a água. Como os bairros no alto do morro são asfaltados e algumas ruas não possuem drenagem, quando chove a água desce e com muita força. Quem mora na parte baixa não sai de casa” conta Inácio da Silva, outro morador.
RESISTÊNCIA
Por diversas vezes, o motorista de aplicativo Aluísio Souza recusou viagens no Santa Eugênia por causa das condições das vias. “É um bairro delicado de dirigir com carro baixo. Já estourei dois pneus nessas ruas. Aqui você encontra vias nas quais o mato tomou conta, ruas em que os moradores utilizaram concreto em frente às residências para amenizar a poeira. Tem esquinas em que, no período da noite, você não consegue enxergar as calçadas, porque não existe uma padronização. Isso faz o motorista pensar se vale a pena aceitar um chamado”, avalia.
A vendedora autônoma Bruna Soares aponta outro problema enfrentado pelos moradores: o agendamento de consultas no posto de saúde. É muito difícil, pois o posto é responsável basicamente por toda a região. Quando falta médico em outros postos, as pessoas são aconselhadas a buscar atendimento no local.
“Evito procurar atendimento no posto de saúde devido à dificuldade que é conseguir marcar qualquer procedimento. Hoje é tudo realizado na rede privada”, disse Bruna.
A redação de O NORTE procurou a Prefeitura de Montes Claros para saber se há perspectivas de melhorias no bairro Santa Eugênia. Mas até o fechamento desta edição não obteve respostas.
* Sob supervisão da editora Janaína Fonseca