Prefeitura entrega casas sem água e luz

Conjunto Monte Sião, com 393 imóveis, foi inaugurado às pressas e moradores vivem sem estrutura adequada

Manoel Freitas
O Norte - Montes Claros
31/08/2018 às 06:52.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:12
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Com muita pompa, no dia 28 de junho – véspera do término do prazo para inauguração de obras públicas, por causa das eleições desse ano –, a Prefeitura de Montes Claros entregou as chaves das 393 casas do Conjunto Residencial Monte Sião IV, do projeto “Minha Casa, Minha Vida”. Entretanto, o que era para ser a realização de um sonho, tornou-se pesadelo para centenas de famílias.

Devido à pressa para entregar os imóveis erguidos com recursos da Caixa Econômica Federal, a Prefeitura fez a transferência dos moradores, todos de baixa renda, para casas sem ligações de água e luz.

As pessoas contempladas no programa viviam em áreas de risco, às margens de rodovias e embaixo de linhas de alta tensão nas vilas São Francisco de Assis, Cedro, Itatiaia e Castelo Branco.

Após dois meses vivendo no local de forma precária, é que as ligações começaram a ser feitas, depois de muitos protestos. Mesmo assim, o ritmo dos trabalhos não atende às necessidades da comunidade.

As instalações são feitas de acordo com a disponibilidade da Copasa e da Cemig, dificultando a vida, principalmente, de famílias com crianças, portadores de necessidades especiais e idosos.

Para tentar agilizar as ligações, lideranças do residencial realizaram um protesto na Câmara de Vereadores na última terça-feira. No plenário do Legislativo, empunhando cartaz pedindo solução para os problemas, a diarista Juliana Ferreira dos Santos, de 31 anos, lamentou a condição em que estão vivendo. “Para nós, não foi alegria ganhar essas casas, tem sido tristeza”.

Ela mora na rua L, sem energia elétrica, e lembra que recebeu da Cemig apenas uma senha para fazer o pedido da luz no dia 10 de setembro. “Será um pedido e não uma ligação, ou seja, vamos ter que esperar muito ainda”, lamentou.

“Gostaria que a Prefeitura, a Copasa e a Cemig tivessem mais respeito, porque somos nós que pagamos os impostos, os salários deles e acredito que todo ser humano é digno de beber água, de ter luz, um bem-estar dentro de sua própria casa”.

Maria de Fátima Borges, de 31 anos, vive com os quatro filhos e com a mãe Maria Luci, de 58, no conjunto. Enquanto espera a ligação de água que nunca chega, pega o recurso no vizinho.

Já a moradora Kátia Soares Pinheiro, de 45 anos, conta que está sem luz, utilizando velas. “É um perigo, porque a cobertura é de PVC, que pega fogo muito facilmente”. Ela argumenta que “o que todo mundo queria é que eles entregassem as casas com água e luz, porque aqui é longe da cidade, tudo é muito difícil”.
 
RESPOSTAS
Em nota, a Cemig informou que elaborou um cronograma, em acordo com a Caixa, para atender gradativamente aos 393 clientes, justificando que “a empresa não iniciou as ligações no mesmo dia da entrega das chaves porque as instalações sob responsabilidade dos clientes não estavam de acordo com as normas da companhia”. Desde 23 de agosto, segundo a Cemig, cerca de 30 ligações estão sendo realizadas diariamente através de três equipes.

A Copasa informou que “as ligações de água e esgoto são de responsabilidade do empreendedor”, garantindo que trabalhava com a possibilidade de finalização dos atendimentos ainda ontem.

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