(Márcia vieira)
Moradores do bairro Vila Atlântida lutam para reativar um serviço que já ajudou a mudar a realidade de vida de centenas de pessoas da região. O Centro de Convívio do bairro foi fechado há cerca de um ano, mesmo atendendo cerca de 150 moradores, entre jovens e idosos, que participavam de capacitações, oficinas de artesanato e aulas de capoeira e dança.
O Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MTD) é o grupo que lidera os esforços para a reabertura do espaço. A coordenadora da iniciativa, Iasmin Checker, avalia que falta ação da prefeitura para atender as necessidades do povo.
“O serviço funcionava muito bem até 2016, mas a prefeitura fechou todos os centros do tipo no ano passado. Nós até conseguimos manter por algum tempo algumas oficinas, mas não tínhamos mais material e recursos. Entendemos que a prefeitura precisa ter boa vontade e reabrir o espaço”, diz a coordenadora.
“Tentamos falar com o secretário de Desenvolvimento Social durante dois meses, mas não tivemos retorno. Estamos tentando aprovar algum projeto para conseguir recursos e colocar em funcionamento novamente”, acrescenta a ativista.
De acordo com Iasmin, o imóvel está sendo depredado. O movimento então fez uma ocupação simbólica do espaço e pediu a prefeitura para se responsabilizar pela segurança. A partir daí, o município retirou os móveis, que foram levados para um depósito, mas até o momento não sinalizou com a reativação.
PREJUÍZO
O casal Douglas e Enya Dayana Nunes cresceu na Vila Atlântida. Os dois lamentam a ausência de estrutura e de oportunidades para a comunidade. Enya chegou a participar de aulas de dança e, mais recentemente, era a avó quem utilizava a oferta de serviços gratuitos e conseguia reverter o aprendizado em renda extra para a família. “Minha avó aprendeu corte e costura e, graças a isso, fazia muitos bicos e conseguia sustentar a família. Foi uma pena ter acabado”, lamenta.
Para Douglas, além do prejuízo, o abandono do espaço deixa os moradores expostos. “Quase todo mundo do bairro participava. Minha avó aprendia a costurar, fazia ginástica e estudava à noite. Ela perdeu tudo isso e acho que nunca mais vamos ter oportunidade. O prédio está servindo para usuários de drogas e como depósito de lixo. Sofremos todos os dias com o perigo”, declara.
A assistente social e ex-servidora do município Simone Torres diz que a legislação regulamentou o serviço que era ofertado pelo Centro de Referência em Assistência Social (Cras). “Havia parceria nos territórios com igrejas, quadras e escolas. Fomos informados de que a oferta de ações diminuiu muito por falta de profissionais e de material”, lamenta.
O secretário de Desenvolvimento Social Aurindo Ribeiro não foi encontrado para falar sobre o assunto. O NORTE entrou em contato com a coordenadoria dos Cras, mas a responsável está de férias e não havia nenhum outro funcionário para dar informação. Já a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Montes Claros não retornou o contato até o fechamento da edição.