Polícia vai fazer escolta de caminhão

Objetivo é garantir que cargas essenciais cheguem a Montes Claros; prefeitura decreta estado de emergência

Márcia Vieira
Montes Claros
28/05/2018 às 23:40.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:19
 (Manoel Freitas)

(Manoel Freitas)

Comitê formado principalmente por forças de segurança vai definir serviços e demandas prioritárias em Montes Claros durante a greve de caminhoneiros, movimento nacional que ontem chegou ao oitavo dia. Cargas consideradas imprescindíveis receberão escolta policial para chegar à cidade, que devido ao bloqueio nas rodovias já sofre com a falta de combustíveis e de alguns gêneros alimentícios. 

A situação fez a prefeitura decretar ontem estado de emergência, o que permite a dispensa de licitação para compra de itens como Diesel S-10, adquirido emergencialmente para manter a coleta do lixo, o atendimento das equipes de saúde da família e outros.

Batizado de Centro Integrado de Comando e Controle, o comitê vai avaliar a situação duas vezes por dia, explica o comandante da 11ª Região da Polícia Militar, Evandro Borges. 

“Estamos mapeando os caminhões com cargas prioritárias que estão nas BRs e vamos fazer a escolta para o atendimento das necessidades básicas da população”, afirma. Participaram da reunião representantes das polícias Militar, Civil, Federal e Rodoviária Federal, Exército, Ministério Público, MCTrans, prefeitura, Samu, Copasa, postos de combustíveis e comércio.
 
DESABASTECIMENTO
O reflexo da greve em Montes Claros já é visível na prestação de serviços. A falta de combustível deixa de braços cruzados os motoristas que fazem o transporte por aplicativos e aumenta o preço da corrida. 

“De casa para o trabalho costumo pagar R$ 11. Hoje (ontem) a tarifa estava em R$ 32 por volta das 8h”, disse a jornalista Ana Paula Paixão, que optou por usar o próprio carro, mesmo não conseguindo reabastecer o veículo no fim de semana.

Pela manhã, três postos receberam combustível e o movimento foi intenso. Em um deles, no Centro, a entrega foi feita com escolta da Polícia Militar. 

“A gasolina já estava no pátio da distribuidora, mas para chegar até aqui foi preciso utilizar a proteção da polícia”, contou Valdir Rosa, dono do posto. O abastecimento foi limitado a R$ 150 para carros e R$ 50 para motos.

Carlos Antônio entrou na fila às 8h e só saiu depois das 11h. “Perdi meio dia de serviço e só consegui colocar 10 litros de combustível. É um absurdo. Um cenário de guerra”, relatou.

De acordo com a gerente da Associação de Transportes Coletivos Urbanos de Montes Claros (ATCMC), Jaqueline Camelo, não houve alteração nos horários e rotas dos coletivos. “Pelo menos até quarta-feira (amanhã) vamos conseguir atender a 100% da nossa rota. Depois disso vamos estudar uma maneira de conduzir a situação, mas esperamos que a paralisação chegue ao fim (antes)”.
 
CARRINHO VAZIO 
O setor de alimentos também foi afetado. Segundo a gerência de uma rede de supermercados com nove lojas na cidade, existem poucos produtos em estoque. Não há hortifrutigranjeiros, e arroz e feijão devem acabar nos próximos dias. 

Davidson dos Santos, proprietário de restaurante, contou que fornece uma média de 120 refeições por dia e que houve queda de 20% no movimento. As entregas também foram reduzidas.

A Câmara Municipal informou que o expediente de hoje foi suspenso. O secretário de Defesa Social, Anderson Chaves, adiantou que nas próximas horas vai se reunir com o Procon para discutirem o aumento abusivo de preços, que já estaria ocorrendo na cidade.

A prefeitura, que havia anunciado suspensão da coleta e interrupção de atendimento nos postos de saúde da zona rural, voltou atrás e disse que vai manter os serviços.

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