Obstáculos para a CNH

Portadores de deficiências têm que ir até BH para realizar exames de habilitação: processo demora meses

Márcia Vieira
Montes Claros
22/06/2018 às 07:17.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:54
 (DIVULGAÇÃO)

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Pessoas portadoras de deficiência que moram em Montes Claros lutam para conseguir a instalação de uma Comissão de Exames Especiais do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran- MG) na cidade. 

André Lúcio Guimarães, colaborador da Associação de Deficientes de Montes Claros (Ademoc), diz que cerca de 600 pessoas aguardam pela CNH na região e que é injusto o Estado não oferecer o serviço em Montes Claros, já que a Lei 21.157/14 garante essa situação.

“Porque nós, deficientes, não podemos fazer o exame aqui? Já que é assim, então as pessoas sem deficiência deveriam também fazer o exame em BH. A dificuldade de deslocamento de um deficiente é muito maior e essa situação tem que ser revista”, afirma André, que tem habilitação e utiliza um carro adaptado desde que teve que amputar a mão.

Ele destaca que a burocracia acaba impedindo que as pessoas com menos condições financeiras tenham acesso à CNH, mesmo com a isenção de impostos sobre os veículos.

“Nós orientamos essas pessoas para que não desistam, mas a espera para conseguir a carteira pode chegar a até oito meses”.

Uma média de 20 veículos são adaptados a cada mês na cidade, segundo Wilton Pereira de Aguiar, que faz esse tipo de serviço. “Com certeza, se tiver a banca examinadora aqui, mais gente vai procurar o serviço”, diz.

O valor de uma adaptação simples fica em torno de R$ 1,2 mil, podendo chegar a R$ 2 mil.

Vicente Silva passou pelo drama da espera depois de perder a mão em um acidente. Ele teve que esperar sete meses para mudar a CNH para categoria especial. “Foi muito difícil. Demorou muito e só agora consegui o documento. Agora vou adaptar o carro e buscar as isenções a que tenho direito”, diz.

O vereador Valcir Soares (PTB) esteve em BH buscando uma saída para a situação. Em um encontro com o deputado Nacib Duarte, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa de Minas, o vereador sugeriu um paliativo enquanto a instalação definitiva da Comissão Especial de Exames não vem.

“Se o Estado não tem capacidade para cumprir a lei, estamos tentando pelo menos uma banca itinerante para estar periodicamente na cidade. Montes Claros pode atender a demanda de toda a região”.

O vereador declarou que nos próximos dias vai realizar uma audiência pública na Câmara em mais uma tentativa de sensibilizar as autoridades de trânsito.

A reportagem tentou contato com o Detran para falar sobre o assunto, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.


 

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