Nem metade está protegida contra HPV

Índice de cobertura vacinal em Montes Claros está muito abaixo da meta; campanha segue até 28 de setembro

Christine Antonini
O Norte - Montes Claros
11/09/2018 às 06:05.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:23
 (NAILANA THIELY/ASCOM UEPA)

(NAILANA THIELY/ASCOM UEPA)

A missão agora será levar meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 aos postos de saúde para serem protegidos contra o Papilomavírus Humanos (HPV). E a tarefa é extremamente necessária em Montes Claros, pois nem metade do público-alvo recebeu uma das doses da vacina que protege contra o câncer de colo de útero nas mulheres e outros tipos da doença em homens.

A campanha foi iniciada pelo Ministério da Saúde na última semana e vai até 28 de setembro. Na maioria dos estados a cobertura vacinal não atinge a cobertura de 80%, ideal para prevenir o aumento de casos das doenças.

Em Montes Claros, segundo o setor de imunização da Secretaria Municipal de Saúde, entre meninas e meninos, apenas 46% foram imunizados.

A situação também é complicada em Minas. Dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) indicam que apenas 15% dos meninos e 48% das meninas receberam a dose de reforço, que é fundamental para que a vacina tenha o efeito desejado.

Os baixos índices, explica a infectologista pediátrica Lilian Martins, estão ligados à idade do grupo prioritário, que não tem muitas vacinas de rotina, como é o caso das crianças no primeiro ano de vida.

“Por isso, os pais não têm tanta preocupação de seguir à risca um calendário já que isso não é um hábito na vida dos adolescentes. Acaba parecendo ser algo pouco importante”.

Porém, a especialista reforça que a imunização é aplicada nessa fase da vida justamente porque a resposta do organismo é mais eficaz. “Como a maioria ainda não iniciou a vida sexual, eles são vacinados previamente”, observa Lilian. 

O vírus HPV é sexualmente transmissível e infecta pele e mucosas da boca ou das áreas genital e anal provocando verrugas e diferentes tipos de cânceres em homens e mulheres (colo do útero, anal, pênis, vagina, orofaringe).

A infectologista Tânia Mara Marcial alerta que a atual cobertura vacinal contra HPV em Montes Claros é muito baixa. “Ainda existe um preconceito contra a vacina por parte dos pais. Muitos acham que a imunização é algo que incentiva o jovem a começar uma vida sexual. Isso não se trata de sexo e sim, de saúde. Estamos prevenindo algo pior no futuro”, ressalta.

A campanha tem o objetivo de vacinar 20,6 milhões de meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos em todo o país. Eles devem ir aos postos de saúde para se imunizar pela primeira vez ou tomar a segunda dose.

Aos 18 anos, o estudante A.A.N. está se tratando contra o HPV. A doença foi descoberta após exames de laboratório. “Não contei para ninguém porque tenho vergonha. Vi que tinha algo errado quando apareceu algumas verrugas na minha região genital. Então procurei um médico, fiz exames e fui diagnosticado. Tive que retirar com laser e tomo alguns remédios”.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30% dos tumores provocados por vírus no mundo são causados pelo HPV. A vacinação tem impacto significativo na redução da incidência se forem tomadas as duas doses. O intervalo entre a primeira e a segunda é de seis meses.

46% índice de imunização de adolescentes contra o HPV em Montes Claros, muito abaixo da meta, que é de 80%
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