MOC tem um menor estuprado por semana

Nos primeiros cinco meses de 2017, 22 crianças foram estupradas em Montes Claros

Christine Antonini
Montes Claros
26/07/2017 às 21:15.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:46

O Núcleo de Estatísticas e Análise Criminal da 11° Delegacia de Polícia Civil em Montes Claros registrou pelo menos um estupro de criança ou adolescente por semana nos primeiros cinco meses deste ano. Foram 22 ocorrências envolvendo vulneráveis no período, totalizando 32 registros do tipo. 

O quadro é ainda mais preocupante na comparação de 2016 em relação a 2015, quando os casos de estupro de vulneráveis na cidade passaram de 73 para 81.

Em Minas, também há uma tendência de crescimento. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de Minas, após dois anos em queda, as tentativas e os casos consumados de estupros de crianças e adolescentes em Minas Gerais aumentaram 13% em 2017, em relação ao ano passado. 

Somente nesta semana, houve quatro casos de estupro na região Norte: um em Salinas, com a vítima de oito anos que era violentada constantemente pelo pai, e, outros três em Mirabela, onde o padrasto abusava das enteadas de 11, 15 e 18 anos de idade. Os agressores foram presos. Em Salinas, a mãe da criança foi detida suspeita de presenciar os abusos. 
 
PROXIMIDADE
De acordo a psicopedagoga, Laura Machado, a agressão cometida por alguém próximo à vítima, é ainda mais difícil de superar. “Os pais são os super-heróis dos filhos, eles deveriam proteger e ser um ponto de refúgio. Quando o abuso vem do pai ou de um familiar, o trauma para essa criança é ainda mais forte, pois além de ter que guardar o segredo, ela fica perdida, pois não tem quem recorrer”, explica.
 
PERFIL DAS VÍTIMAS
Ainda de acordo com o Núcleo de Estatísticas e Análise Criminal, 61% das vítimas violentadas tinham relacionamento ou parentesco com o autor e 39% não possuíam nenhuma ligação com o criminoso. Em relação ao estupro de vulnerável, 83% das meninas são de cor parda ou negra. Já as vítimas com idades entre 14 e 22 anos com a mesma cor de pele, representam 71% - grande parte é solteira.

Ainda segundo o relatório, a violência sexual não é somente contra mulheres. Nada menos do que 7% dos registros deste ano envolvem o sexo masculino. 

Para Laura Machado, professores e familiares podem ajudar a identificar uma criança vítima de abuso. “Geralmente é uma criança tímida, que as pessoas julgam antissocial, medrosa, tristonha, não consegue se concentrar em atividades básicas o que faz o rendimento escolar cair – mesmo chegando mais cedo na escola e sendo a última a ir embora, justamente porque não quer voltar para o lar dela”, conclui a psicopedagoga Laura. 
 
RELATO
Uma mulher de 25 anos, que pediu anonimato, conta que era abusada pelo pai. Segundo ela, o progenitor a estuprou dos 5 aos 14 anos de idade. Os abusos só terminaram após o falecimento do agressor. “Minha maior mágoa é que minha mãe presenciava os estupros. Ela via eu chorando, enquanto ele abusava de mim na mesma cama que ela ‘dormia’. Quando ele faleceu, me libertei, pois não tinha coragem de denunciar, na verdade, na época mal se falava sobre isso. Hoje estou casada, passaram anos, mas isso ainda vive em mim”, conta a mulher. 

Em relação ao estupro de vulnerável, 83% das meninas são de cor parda ou negra. Já as vítimas com idades entre 14 e 22 anos com a mesma cor de pele, representam 71% - grande parte é solteira.

“Minha maior mágoa é que minha mãe presenciava os estupros. Ela via eu chorando, enquanto ele abusava de mim na mesma cama que ela ‘dormia’, diz Beija Flor que foi abusada pelo pai dos cinco aos 14 anos de idade. 

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