Jasonlina, que quer mudar de nome, conta seu drama a O Norte

Jornal O Norte
03/10/2005 às 10:45.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:52

Jasonlina Ágape é uma moça bonita de olhos verdes e tristes, cursa o último ano do ensino médio e divide seu tempo entre os estudos e o trabalho de doméstica, na casa do agrimensor Edvaldo Nazareno Carvalho Faria, que a trata com um carinho de pai, sensibilizado com a situação de desconforto em que a garota vive. O drama da moça tornou-se público, e passou a dividir opiniões a partir do momento em que Edvaldo, solidário ao sofrimento particular de sua secretária, escreveu uma carta à redação de O Norte no sentido de conseguir ajuda para mudar o nome da moça.

A história de Jasonlina começa ainda no município de São João da Ponte, cidade onde nasceu em 13 de agosto de 1985, e foi registrada por seus pais, Maria de Fátima Pereira Ágape e José Ágape.

Jasonlina não imaginava que, naquele exato instante, passaria a viver um tipo de crise existencial, que ao longo dos anos foi se transformando em um peso, que é obrigada a carregar até hoje.

Na medida em que crescia, e já começava a entender as coisas, o drama da garota só aumentava, conforme ela explica à reportagem, e seu maior problema era a vergonha que tirava a sua paz, quando era muito pequena, já na época em que foi para a escola, tendo que conviver com as piadinhas dos colegas e os olhares curiosos das professoras, principalmente quando pronunciavam o seu nome, por ocasião da chamada feita em sala de aula.

- Esse nome estranho me marcou de forma profunda, desde a infância, e é por isso que vou lutar para tirá-lo de minha certidão de nascimento. Não agüento mais passar por tanto constrangimento - afirma Jasonlina.

Ela conta que, desde os sete anos, vive retraída e, hoje, seu maior pavor é o momento em que vai ser apresentada a alguém. A partir do instante em que atingiu a maioridade, ela conta que procurou a justiça, através da defensoria pública, que não teve muito interesse em resolver o seu problema, razão pelo qual Edvaldo, que é seu patrão, resolveu levar o caso adiante e, através de uma amiga que é advogada, obteve a promessa de que havia condições de resolver a situação, só que isso não ocorreria assim de uma hora para outra.

Conforme informou Edvaldo, a situação é complicada, sendo que vem passando por momentos de decepção desde os doze anos, idade em que começou a fazer tentativas para resolver o problema.

A menina traz dentro de si um sonho: o de vir um dia a se chamar Camila, nome que escolheu desde os doze anos, quando a aconselharam a se acostumar a ser chamada ao menos por Jasinha, o que ela recusou, alegando que ficaria a mesma coisa, ou seja, não quer ser conhecida por um nome que lembre o outro.

Maria de Fátima Pereira, mãe de Jasolina, diz que apóia a decisão da filha, e fica triste quando lembra que, na época, também achou o nome esquisito, mas foi obrigada a obedecer a vontade do marido.

O advogado Waldir de Pinho Veloso explica que, de acordo com a lei, o prenome, a princípio, é imutável, a não ser que venha a constranger a pessoa, e nomes que remetem a palavrões ou que atingem, de forma grosseira, o seu portador, tem condições de ser trocado, desde que se juntem provas através de amigos e familiares, que poderão vir a ser testemunhas dos tipos de constrangimento vividos pela pessoa atingida.

Procurado pela reportagem, Cláudio Teixeira Almeida, escrevente e encarregado do cartório de registro civil, informa que, no caso de troca de nomes, já é possível a pessoa fazer uma retificação, através de um advogado particular, ou mesmo junto à defensoria publica, que marcará uma audiência com o juiz que por sua vez, após analisar o caso, poderá autorizar a referida troca junto ao cartório.

Enquanto aguarda um final feliz para sua história, Jasonlina segue cursando o terceiro ano do ensino médio, e fala do seu desejo em cursar uma faculdade, sendo que, antes, tem esperanças de que seu problema seja resolvido, para não continuar passando por constrangimentos. Segundo afirma, vai continuar pedindo às pessoas para continuar chamando-a de Camila, nome que ela acha bonito e que, se tivesse tido a oportunidade, teria escolhido para ela quando nasceu.

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