(ARQUIVO PESSOAL)
Donos dos ônibus que administram as 116 linhas de transporte escolar rural para a Prefeitura de Montes Claros começam a paralisar o serviço por falta de pagamento.
“Trabalhamos desde 5 de fevereiro em estradas que estão em péssimas condições e até agora não recebemos o pagamento referente aos últimos dois meses. Não podemos continuar nesta situação”, diz Marcel de Souza Nunes, um dos prestadores de serviço à prefeitura.
Ontem, os três veículos dele ficaram parados e os 200 alunos atendidos por esses coletivos não puderam ir à escola.
De acordo com Marcel, outro problema está relacionado ao sistema de pagamento. No Estado, assim que o mês é fechado, o prestador automaticamente pode retirar a nota fiscal pelo serviço. Na prefeitura, ele ficaria subordinado à autorização do administrador para o pagamento, o que poderá acontecer só muito tempo depois.
Marcel afirma que cada ônibus tem um motorista e um monitor – ambos trabalham com carteira assinada. Muitos deles estariam passando necessidade, porque a empresa, sem receber, não estaria conseguindo honrar os compromissos com os funcionários.
“Estou com dívidas em postos de combustíveis e casas de peças que fazem a manutenção dos carros. Procurei a prefeitura para receber uma explicação e previsão de pagamento, mas eles estão empurrando com a barriga. Um vai passando para o outro e nunca nos dão resposta. Parece que a responsabilidade não é de ninguém”, afirmou.
Para minimizar o problema e não deixar os alunos sem aula, o empresário avalia a possibilidade de recorrer a empréstimos.
“Eu parei hoje, outro (dono de empresa) para amanhã e assim por diante. Estão rodando até acabar o combustível. Somos mais de 50 prestadores de serviço e achamos uma covardia o que estão fazendo com os alunos. Amo o que faço e fico muito chocado com esta situação. Se continuar assim, vamos levar ao conhecimento do Ministério Público”, diz. Segundo ele, 3.500 estudantes dependem do transporte na zona rural.
O NORTE entrou em contato com o secretário Municipal de Educação, Benedito Said, que disse desconhecer o problema e não soube informar quantos alunos há na zona rural. “De nossa parte já enviamos os empenhos à administração. Os pagamentos não somos nós que fazemos”.
Já o secretário de Finanças, Coriolando Ribeiro, disse que não tem nenhum empenho parado na secretaria. No setor de controle interno ninguém quis dar informação sobre a situação.