Eduardo Lima lança CD em Montes Claros: radialista dá vida e voz a textos de sua autoria e de uma infinidade de poetas

Jornal O Norte
15/03/2006 às 10:52.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:30

Aroldo Pereira


Colaboração para O Norte

Todos os dias, o jornalista, radialista, cronista e poeta montes-clarense Eduardo Lima invade os lares de milhares de mineiros pelas ondas da rádio Itatiaia AM/FM, com seu programa Viva a tarde. Assim, ele se tornou amigo íntimo dos mineiros, de Norte a Sul do estado.

Recentemente, Eduardo gravou seu 1o CD, Momentos e pensares. O CD traz 24 faixas selecionadas por Eduardo Lima. O radialista dá voz, além de textos da sua lavra, a Brecht, Dalai Lama, Vinícius de Moraes, Manoel de Barros, Thiago de Mello, Mário Quintana, Eduardo Alves Costa, Rui Barbosa, Madre Tereza de Calcutá, Carlos Drummond de Andrade, entre outros.

Momentos e pensares conta com a participação dos músicos Célio Balona, Nino Antunes e Ladston do Nascimento. Trilhas inéditas e a voz de Eduardo Lima dão ao conteúdo dos textos um brilho incomum. E tem produção da Bacia Da Zalma Artes e Ofícios e foi gravado no Studio HP, em Belo Horizonte.

ALMA HUMANA

É um CD imprescindível, que servirá a todos: à família, aos solitários, aos que amam, aos apaixonados, aos que celebram a vida, aos que querem rir ou chorar de emoção.

Para ser ouvido com atenção e muitas vezes, pois aponta com perfeição o quanto o pensamento serve à alma humana.

Agora, o jornalista coloca em prática o antigo desejo de aproximar-se do público e inicia uma romaria de manhãs, tardes, noites e até madrugadas de autógrafos pelos cantos boêmios da Grande BH e Minas Gerais.

EM MONTES CLAROS

Na próxima segunda-feira, 20, com o apoio da secretaria municipal de Cultura, a partir das 19 horas, no Centro Cultural, Eduardo estará em Montes Claros. Além de autografar o CD, participará de uma mesa com os amigos: o poeta e cronista Georgino Júnior, o jornalista e dramaturgo Reginauro Silva, sob mediação do poeta Aroldo Pereira. Eles estarão rememorando a movimentação cultural da década de 70, tendo como referência o grupo Catibum, que era composto por pessoas como o próprio Eduardo, Márcia Sá, Tadeu Leite, Reginauro Silva, Georgino Júnior, Luís Carlos Novais, Martha Ulhoa, Fernando Rubinger, e vários outros companheiros. Esse bate-papo integra o projeto de comemoração continuada dos 150 de Moc, que terá seu ápice em 03 de julho de 2007.   

- Quero retribuir o carinho do meu público e dividir o sucesso com as pessoas que compraram o CD. Para isso, estaremos presentes em todas as regiões de Minas Gerais - diz Eduardo Lima. O CD Momentos e pensares estará disponível a R$ 15, e ainda levará a dedicatória do autor.

SOBRE EDUARDO LIMA

O jornalista e radialista Eduardo Lima é natural de Montes Claros. Há 36 anos na profissão de radialista, Eduardo iniciou a carreira na rádio Sociedade Norte de Minas (ZYD-7) e há 14 anos comanda com sucesso o programa Viva a Tarde, na rádio Itatiaia. O jornalista já trabalhou nas principais rádios, emissoras de televisão e jornais de Moc e Belo Horizonte. Eduardo foi diretor artístico das rádios Mineira, Inconfidência e Globo. O radialista já atuou também no legislativo, tendo sido vereador em BH. No governo Pimenta da Veiga, atuou como secretário municipal de Esporte, Lazer e Turismo.

Eduardo Lima já recebeu da câmara municipal de BH o título de cidadão honorário de Belo Horizonte, a comenda do Mérito Artístico Rômulo Paes e a Medalha do Mérito Legislativo da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, entre outras homenagens.

É compositor, cronista e poeta - já teve três livros publicados: dois de poesia (Cismas e rufares e O despertar de Mona) e um de crônicas (Além da voz) tendo sido bem recebido pela crítica. Escreve às quintas feiras no jornal Hoje em Dia.

Informações – Secretaria municipal de Cultura: 3229-3456/3458/3457.

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LEDOR DE COISINHAS

Eduardo Lima

Fiquei observando uma árvore de rua. Lá estavam os moços compenetrados, lutando contra galhos e folhas – esticam cordas, puxam daqui, puxam dali e depois serram, ruidosamente. Em seguida tomba o galho, abatido. Uma árvore de cidade não pode viver de si, uma árvore de cidade não pode ser tão grande quanto quer.

Árvore de cidade grande se amputa, roubam-na de braços e rumos. Árvores de cidade se devem conter à arquitetura do homem. Depois voltei à máquina, à luminosa em que guardo pensamento. E ao conectar-me registro um e-mail, de caráter profissional, no qual pedem que eu me resuma, faça uma descrição sobre a cruzada de escrever, pois fui lembrado para uma tarefa e urge. Mas não sendo escritor, sendo apenas um passarinho cantador, devo maturar. Apresentar-se é constrangedor. Não se pode incorrer no risco da imodéstia ou da vaidade. Há riscos e descuidos comprometedores. Qualquer excesso ou aturdimento de valor desmerece o comedimento, necessário à lisura de uma apresentação. Assim é que peço a um amigo que me teça.

Resisto a dizer alguma coisa sobre mim, especialmente sobre o que eu possa ser ou me entender sendo. Nem sou coisa alguma, embora me faça tudo parecer. Sou pai, fundamentalmente, se se contam filhos em currículo. No mais me diria: Eduardo Lima, cozinheiro de meia pataca. Cozinheiro de pequenos paladares, refogador de chuchu. Deitador de peças inteiras de chã de dentro em varais vespertinos. Melhor dizer: roedor de pequi – e nem isso é tão verdade, pois de onde vim revelam-se efemérides, gente capaz de, numa sentada, roer cem.

Coisa difícil me pedem. Por mim diria que sou insone e recomendarei. Eduardo, o mal dormido e, se vale passado, contaria que semeei madrugadas, vali-me de luas, fiz serenatas.

Talvez ficassem bem dizer: seresteiro mediano sob as janelas do Colégio das freiras. Desimcumbo-me. Pois, de árdua tarefa: resumir-me, tornar-me adjetivo. Algo que se pareça comigo e que alguém, em lendo, creia. Talvez eu possa escrever que sou foveiro e tenho pouca educação e alguma doçura.

Ex-aluno marista talvez. Fiz dinâmica de grupo e freqüentei tropas de reação. Declamei no Grêmio Geral. Escrevi mais de cinqüenta prefácios. E no final de uma manhã de terça-feira, em 71, me levaram de casa para uma cela e falaram no corredor que eu era um inocente útil.

Dizer o que somos é muito difícil. Assim é que voltei a avistar a rua e imaginei pedir ao meu relator para dizer que sou poeta e contar que numa manhã de março assisti à poda de uma árvore que engolia fios de luz imaginando a dor que as árvores sentem quando decepadas, reduzidas em seus caminhos. É poeta quem é capaz de perceber o sofrimento vegetal de uma velha árvore opaca e fadada. Ponha então meu  descritor: poeta. Não por escrever poesia. Só por ser assim tão à toa, um avistador de miudezas. (Transcrito do jornal Hoje em Dia)

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