Direitos feridos

População denuncia desorganização e condições precárias do setor de gratuidade da MCTrans

Márcia Vieira
O Norte - Montes Claros
22/09/2018 às 06:15.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:35
 (MÁRCIA VIEIRA)

(MÁRCIA VIEIRA)

Idosos e portadores de deficiências que buscam serviços na Empresa Municipal de Planejamento, Gestão e Educação em Trânsito (MCTrans) reclamam da falta de respeito e de condições precárias oferecidas a quem procura o órgão. No local, não haveria pessoas suficientes para atender aos beneficiários do cartão gratuidade, direito concedido por lei.

Além do risco de não encontrar atendimento, quem vai à MCTrans para fazer perícia se depara com uma sala apertada, escura e sem ventilação. Ronildo Dias Brito passou pela situação. O aposentado teve a carteira recusada dentro do ônibus, sem ser comunicado do motivo da suspensão. Depois de procurar a MCTrans foi aconselhado a fazer a perícia para ter o benefício de volta.

“Mesmo tendo marcado o horário, cheguei aqui às 13h, como foi pedido, e fui informado que há 17 pessoas na minha frente. Eles deveriam organizar e separar os tipos de atendimento. Fica todo mundo junto aqui”, reclamou.

Já Maria de Lourdes Bueno soube pela TV que deveria fazer o recadastramento, mas alega que o cartão está dentro do prazo de validade. “Estive aqui ontem (quinta-feira) e não fui atendida. Pediram que eu voltasse às 13h, porque iriam distribuir senha. Cheguei às 12h30 e não consegui a senha. Acho um absurdo. Minha carteira vale até 2021. Não entendi porque fui convocada. Porque a gente precisa passar por isso?”, questiona.

De acordo com Maria, ao perguntar sobre como deveria proceder, foi destratada pelo funcionário. “Não consigo conversar com ninguém, porque a gente vai falar e as pessoas ficam nervosas. Não tem senha, não tem orientação, não sei o que fazer. Está tudo misturado e vira um tumulto”, desabafou.

A aposentada Elza Alves Silva reclama que ao chegar à empresa para pleitear a gratuidade pela primeira vez foi informada de que deveria ir às 5h para conseguir uma senha.

“Estive antes na Procuradoria do Idoso e no Centro de Referência de Assistência Social (Cras). Nos dois lugares fui bem atendida. Ao chegar à MCTrans, o que assisti foi uma falta de respeito com as pessoas”, lamenta Elza, que esteve pela terceira vez no órgão nesta sexta-feira e novamente foi embora sem conseguir retirar a senha.

“São as próprias pessoas que se organizam de acordo com a hora de chegada. Eu fui às 9h e não tinha mais senha. Uma senhora que estava lá me disse que no dia anterior chegou às 6h30 e também não conseguiu. Voltou e estava lá com fome, sem conseguir atendimento. É uma cena deprimente e a atendente foi totalmente insensível. O ambiente cheira mal e parece que nem limpeza eles estão fazendo”, acrescentou.
 
NA FILA DE ESPERA
Noêmia Sampaio tenta pela terceira vez ter acesso ao cartão gratuidade. Aposentada, cardiopata e com três AVCs no histórico médico, ela declara que vai a cinco especialistas semanalmente e precisa do transporte público para se deslocar.

“Eu tenho direito ao benefício. Trouxe todos os documentos, laudos e receitas, mas mesmo assim eles recusaram. Me falaram que eu não precisava da carteirinha e poderia tentar novamente. Mas não falam o motivo”, relata Noêmia.

A coordenadora do Conselho Municipal do Idoso, Cibele Freire Diniz, informou que não tinha conhecimento da situação. “Se isso está acontecendo, tem que ser resolvido. Eles não podem ser submetidos a esta situação. Somos a defesa do idoso. Vamos ao local averiguar e exigir que se adequem para não ferir o estatuto e garantir o direito da categoria”, declarou.
 
FALTA GENTE
Funcionários da MCTrans disseram, informalmente, que só há uma pessoa para atender no local pela manhã e que devido ao recadastramento o setor fica congestionado. “Nós não temos espaço e fazemos o que é possível dentro das nossas possibilidades”, disse um deles.

A chefe do setor de Transporte Público da MCTrans, Viviane Tanure, informou que atualmente 2.849 idosos têm direito ao cartão gratuidade e cerca de 4 mil pessoas com deficiências.

“Nós fazemos reuniões frequentes para alertá-los (funcionários) sobre os cuidados que devem ter com as pessoas, que já chegam aqui cansadas. Mas pode acontecer de um ou outro servidor ter algum comportamento indevido. Neste caso, é preciso identificar a pessoa para tomarmos as providências”, disse Viviane sobre a qualidade do atendimento.

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