Criação de parque divide moradores

Ambientalista quer acelerar a implementação da unidade, mas vereador alerta para problema social

Manoel Freitas
Montes Claros
24/04/2018 às 19:17.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:30
 (MANOEL FREITAS)

(MANOEL FREITAS)

Do ponto de vista técnico, o projeto de criação do Parque Estadual de Botumirim, envolvendo parte da Campina do Bananal e dos rios de Peixe e do Onça, seguiu todos os trâmites legais. O governo do Estado já declarou a viabilidade e prioridade do projeto, indicando que a unidade de conservação é de suma importância para preservação da biodiversidade do cerrado de altitude e para o desenvolvimento do ecoturismo. Entretanto, o Instituto Grande Sertão (IGS) denuncia que a população está sendo incentivada por grupo de fazendeiros a se posicionar contra a criação. 

O presidente do IGS, Eduardo Gomes, anunciou ontem que esta semana tem encontro com a diretoria do Instituto Estadual de Florestas (IEF) para “não apenas alertá-los sobre a conotação política adotada pelos que são contra, como, igualmente, para acelerar sua implementação”. Alerta também que o argumento dos contrários diz respeito ao “suposto prejuízo econômico para a mineração, cujas áreas foram mantidas fora do perímetro do parque, sendo que grande parte vem sendo feita de forma clandestina, com prejuízos ambientais incalculáveis”. 
 
MANANCIAIS
O ambientalista garante, porém, que o “movimento político” não será empecilho à criação do parque. Ele lembra que quase 90% da área é composta por veredas, campos rupestres e de altitude, grande parte formada por áreas de preservação ambiental (APPs). Além disso, alega que a unidade protegerá mananciais importantes para a proteção da água.

Já os produtores dizem que o parque pode lavar trabalhadores à miséria. Com três mandatos como vereador, o produtor rural José Francisco dos Santos é um dos que encabeçam o movimento contrário à criação do Parque Estadual de Botumirim nos moldes determinados pelo IEF. Reafirmou intenção de lutar em favor da manutenção dos trabalhadores no campo, argumentando que “os produtores também estão em extinção”, numa alusão a espécies em extinção na futura área do parque, como o capacetinho-do-oco do paue o beija-flor-de-gravata verde.

José Bispo ressalta o fenômeno ocorrido quando da construção da Usina Hidrelétrica de Irapé, na vizinha Grão Mogol. “Os produtores e, mais ainda, os trabalhadores, não se adaptaram às novas áreas e pagaram um alto custo, alguns se envolveram com drogas”. Ele disse conhecer a região a ser incorporada ao parque há mais de 40 anos, chamando atenção para o fato de os mais prejudicados serem os das comunidades Folha Larga e Gigantes “que terão mais dificuldade de acesso à escola e à saúde”. 

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