Crack, a pedra da morte: A droga leva 15 segundos para chegar ao cérebro e produzir efeitos que podem levar à morte

Jornal O Norte
15/12/2010 às 17:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 06:47

Samuel Nunes


Repórter

A última reportagem da série sobre crack traz a concepção das autoridades policiais em relação ao consumo de drogas no município e, ainda, avalia o projeto de lei de autoria do deputado Ruy Muniz para que se institua o dia de combate ao crack em Minas Gerais – no dia 19 de outubro

A capitã Graciele, da Polícia Militar revela que o foco utilizado pela PM é voltado para o trabalho da prevenção, mediante palestras, não conseguindo resultado, segundo ela, se aplica o trabalho de repreensão. Na avaliação da capitã o crack é a droga que mais degrada o ser humano.




A capitã da Polícia Militar, Graciele, afirma que usuário de droga é dito como doente que precisa de tratamento

Graciele destaca que o trabalho realizado pela Policia Militar por meio do Proerd – Programa educacional de resistência e combate às drogas e à violência já atendeu em sete anos, somente em Montes Claros, mais de 60 mil crianças da 4ª a 6° série. Graciele revela que em Minas Gerais este programa já atendeu 1 milhão de crianças.

- O usuário de droga é tido como doente que precisa de tratamento. Ao ser preso, ele é levado à presença do delegado onde é lavrado o termo circunstancial de ocorrência e posteriormente é liberado para tratamento – observa. A capitã lembra que a questão da droga não é problema só do estado, este se origina na célula máter da sociedade, que é a família.   


  


APREENSÃO

O delegado da policia federal, Eduardo Mauricio de Araújo, revela que a pasta base de cocaína e o crack são as drogas mais apreendidas pela federal em ações realizadas em Montes Claros e mais 98 cidades do norte de minas. Afirma que a preocupação maior das autoridades é com o crack cujo consumo e apreensão têm aumentado sobremaneira.




O delegado da Polícia Federal, Eduardo Mauricio de Araújo afirma que há preocupação das autoridades com o crack, que tem aumentado o consumo e apreensão


- A vida de um usuário é reduzida com o crack, porque a droga atinge as funções cerebrais e o usuário perde a consciência, pára de trabalhar e conseqüentemente, fica sem recursos financeiros para obter a droga, o que normalmente o leva a buscar recursos por meios nem sempre lícitos, diz.

O delegado da Polícia Federal lembra que os pais devem procurar orientar e mostrar a nocividade das drogas aos filhos, ser amigos dos filhos, porque muitas vezes o pai briga, não conversa e muito menos conquista o filho.

- Vai um conselho: se os pais não conquistarem seus filhos, o traficante irá conquistar. O fortalecimento familiar é primordial para evitar a droga, frisa.   

PREVENÇÃO

O Norte ouviu também o agente da Polícia Federal, Cláudio Prates, que também faz parte do conselho municipal Antidrogas e presidente da Comissão de Políticas de Prevenção às Drogas no município de Montes Claros. 

Segundo ele é importante que seja feito um trabalho não apenas de repreensão em relação às drogas, mas, sobretudo, de prevenção, que na concepção dele é o único caminho para se combater as drogas.




Cláudio Prates, agente da Polícia Federal: crack é algo perverso e tem uma composição considerada o lixo da cocaína


Cláudio Prates revela que já ministrou mais de 500 palestras relacionadas à prevenção de drogas em igrejas, empresas, escolas, faculdades onde a temática principal é a conscientização para o público alvo de crianças e adolescentes para que estes não entrem no mundo das drogas.

CRACK E ÁLCOOL

No entendimento dele, o quadro do uso de drogas no município é altamente preocupante e cita duas que merecem atenção do poder público municipal e das polícias e sociedade em geral, que são o crack, denominada por ele como droga da morte, e o álcool.

- O crack é algo perverso, mas o álcool também considero uma droga nociva. Estatísticas apontam que 13% da população brasileira têm problemas com o álcool, que é o quarto patrocinador da mídia e a maior fonte de arrecadação do país. Não dá para discutir o controle das drogas ilícitas sem passar pelas lícitas, porque a maioria das pessoas antes de usar maconha ou cocaína se embriaga no álcool para ter coragem - avalia.

VIOLÊNCIA

Cláudio Prates revela que 80% a 90% da violência no município estão relacionados ao uso de algum tipo de droga. Lembra que as mortes de adolescentes e jovens, segundo estatística da Policia Civil, estão relacionados intimamente ao tráfico no município, sobretudo o crack.

- A Policia Militar aponta que os homicídios estão diretamente ligados à guerra do tráfico, seja por dívida ou pelo controle pela boca de fumo. Os índices apontam que de cada 10 viciados que passam por comunidade terapêutica, 8% recaem no vício. Quando ao uso do crack, de cada 10, 10 voltam para o vício. O crack é uma droga altamente letal e a maioria dos usuários vai a óbito muito rapidamente. Esta droga tem uma composição considerada o lixo da cocaína. Enquanto a cocaína tem 70% de pureza, o crack tem 30% a 40%. É uma droga que chega com 10 segundos ao cérebro e, 10 minutos depois, passa o efeito e o usuário a quer novamente – informa.

RADIOGRAFIA DO CRACK NO BRASIL

A Confederação Nacional de Municípios fez um levantamento inédito e traçou uma radiografia da realidade do crack no Brasil. A pesquisa aponta que a droga já chegou a 98% dos Municípios – quase quatro mil foram consultados.

O presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, apresentou os dados à imprensa numa coletiva promovida nesta segunda-feira, 13 de dezembro.

Os municípios foram questionados sobre a presença ou não do crack e sobre o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à prevenção e ao controle do uso. Mais de 91% não possuem programa municipal de combate ao crack e nenhum tipo de auxílio dos governos federal e estadual para desenvolver ações. E, apenas 8,43% desenvolvem algum programa municipal de combate. As principais ações foram tomadas por iniciativa própria dos próprios gestores e estão voltadas à mobilização e orientação, prevenção ao uso de drogas, atendimento aos familiares, tratamento aos dependentes, combate ao tráfico, estudos e pesquisas.

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