(Marcia Vieira)
A falta de chuva e a redução do nível dos mananciais que abastecem Montes Claros fizeram com que o racionamento de água fosse ampliado na cidade. Desde ontem, 44 bairros integram a lista das comunidades sem o abastecimento regular, agora por 48 horas. A Copasa informou que a medida é necessária devido “ao agravamento da escassez hídrica na região”.
A ampliação do racionamento acontece quatro dias após a Copasa anunciar um reajuste de 10,82% na tarifa. A medida passa a valer em 1º de outubro.
A Copasa prevê que a medida emergencial dure até quinta-feira, mas fontes ligadas à companhia acreditam que a suspensão do fornecimento de água por dois dias chegará a mais bairros.
“Não há previsão de chuvas para a região. O calor intenso também faz com que o consumo (de água) seja maior. Por isso o abastecimento continuará limitado. A tendência é a de que a lista de bairros que participam do rodízio aumente nos próximos dias”, disse a fonte, que pediu anonimato.
Montes Claros enfrenta problemas com a seca desde o início do ano, o que forçou a Copasa a traçar novas estratégias para o fornecimento de água. Do corte por 18 horas seguidas chegou-se a até 48 horas.
REVOLTA
O maior tempo sem água junto ao reajuste da tarifa revolta a população. “O aumento não garante qualidade nenhuma no atendimento. A gente vai pagar por uma coisa que não consome?”, questiona Letícia Gomes, moradora do bairro Acácias.
Para Daniela Reis, do bairro Maracanã, a redução no abastecimento é consequência da falta de planejamento.
“Essa região sempre sofreu com a falta de chuva. O racionamento é resultado da falta de planejamento da Copasa para que isso não acontecesse”, opina.
Robson Santos Oliveira, presidente da Associação de Moradores do Recanto das Águas, promete apresentar uma reclamação formal à empresa.
“Na semana passada, meus filhos não puderam ir à escola porque não havia água para tomar banho ou fazer café. Esse aumento é abusivo. Não vamos concordar com isso”, conta o morador, que recentemente teve que pedir um caminhão-pipa para abastecer o conjunto onde mora.
“Noventa por cento do valor que nós pagamos é em taxa de esgoto. Não podemos pagar mais caro. Estamos dispostos a buscar as autoridades para interceder por nós”, avisa.