A meta de conter o avanço do porte ilegal de armas tem aumentado o número de apreensões desse tipo de material – principalmente o de fabricação caseira. Na região Norte de Minas, ao menos 100 armas artesanais são apreendidas pela polícia a cada mês. Feitas inicialmente para caçar animais na zona rural, muitas acabam usadas por bandidos para cometer todo tipo de crime na área urbana.
Nas grandes cidades, o desafio maior é desarticular as fábricas clandestinas. No interior, a produção mais arcaica e tímida dificulta o cerco. Os equipamentos de menor potencial ofensivo são construídos literalmente no quintal de casa.
“(são armas feitas) Com conhecimento precário, sem auxílio de internet ou manual de instrução”, diz o titular da Delegacia Regional de Montes Claros, Jurandir Rodrigues César Filho. “De qualquer forma, são produções ilegais e consideradas crime”, avisa o delegado.
Apesar do baixo poder de fogo das produções – geralmente carabinas que efetuam só um disparo –, a grande preocupação da polícia está no destino dado a grande parte desse material ilícito.
“Notamos que quando essas armas são roubadas vão parar em mãos de suspeitos envolvidos com tráfico de drogas e roubos. Eles acabam adaptando as armas para tentar torná-las mais potentes”, esclarece o delegado. “São jovens que aprenderam com os pais ou até mesmo esses pais e avôs”, acrescenta, referindo-se a um possível perfil de quem produz e consome tal armamento no início do processo.
MERCADO ESTIMULADO
Coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC-Minas, Robson Sávio avalia que a dificuldade em conseguir armas de produção industrial explica a alta da demanda por artefatos artesanais. E destaca que, com o Estatuto do Desarmamento (2003), houve redução do mercado legal, o que estimulou o comércio paralelo. “Enquanto temos aumento significativo de armas artesanais em Minas de um modo geral, a região Sudeste apresenta pouca representatividade neste tipo de produção ilícita. Isso pode estar associado a um perfil mais rural, com a existência de fabriquetas ligadas à caça, por exemplo”, analisa.
FABRIQUETAS
Dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) mostram que, de janeiro a maio do ano passado, 581 armas artesanais foram apreendidas na região Norte, contra 552 no mesmo período de 2017. O combate a crimes violentos tem relação com a queda. “Ações de prevenção à criminalidade ajudam a desarticular grupos criminosos e, com isso, retiramos armas de circulação”, reforça a chefe da assessoria da Polícia Militar da 11ª Região do Norte de Minas, major Gracielle Rodrigues.