178ª Festas de Agosto: celebrações resgatam tradições culturais e religiosas em MOC

Na 178ª edição, o evento faz um resgate das matrizes africana, portuguesa e indígena, responsáveis pela formação do povo norte-mineiro; expectativa dos organizadores é a de que 60 mil pessoas visitem a cidade

Hoje em Dia - Belo Horizonte
15/08/2017 às 00:41.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:05
 (Fotos Fábio Marçal)

(Fotos Fábio Marçal)

Há quase dois séculos, as ruas de Montes Claros ganham um colorido especial nesta época do ano e se transformam em um reduto de fé, cultura popular, música, e muita alegria. São as Festas de Agosto, que acontecem entre os dias 16 e 20 deste mês.

Na 178ª edição, o evento faz um resgate das matrizes africana, portuguesa e indígena, responsáveis pela formação do povo norte-mineiro. A expectativa dos organizadores é a de que 60 mil pessoas visitem a cidade durante o período.

Paralelamente à festa, acontece o 39º Festival Folclórico, que promove o encontro de educadores com membros da comunidade. O Governo de Minas apoia os dois eventos por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).

Durante as Festas de Agosto, grupos de cato-pês, marujos e caboclinhos homenageiam Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e o Divino Espírito Santo, valorizando a cultura e a religiosidade popular da região.
 
ORGULHO
A tradição é repassada de geração em geração, sendo motivo de alegria entre os participantes, que se orgulham das raízes.

João Pimenta dos Santos, o Mestre Zanza, presidente da Associação dos Grupos de Catopês, Marujos e Caboclinhos de Montes Claros, começou a participar dos cortejos quando tinha quatro anos de idade. Aos 84 anos, ele é o mais antigo integrante da festa.

“Meu avô era escravo e montou o grupo de catopês quando a cidade ainda era uma fazenda. Quando meu avô morreu, meu pai assumiu a liderança, mas faleceu quando eu tinha 17 anos e a missão passou para mim”, relembra Mestre Zanza.

A história de Maria do Socorro Pereira Domingos, chefe do Primeiro Grupo de Caboclinhos de Montes Claros, é semelhante à do Mestre Zanza. Foi com amor que ela assumiu o lugar do pai, o Mestre Joaquim Poló, após seu falecimento, há oito anos.

“Fui a primeira mulher a entrar para os Caboclinhos, quando tinha oito anos de idade. Assumi a coordenação em memória ao meu pai e daqui só saio quando morrer”, conta.
 
HISTÓRIA
As Festas de Agosto são as mais antigas e tradicionais de Montes Claros. Atas da Câmara Municipal indicam que o festival surgiu por volta de 1839. De acordo com Aroldo Pereira, um dos organizadores do evento, além de fortalecer a cultura popular local, a festa também ajuda a elevar a autoestima dos moradores da região.

“Gente simples, como trabalhadores da construção civil, carroceiros, padeiros, donas de casa, comerciantes e artistas são os principais mantenedores, organizadores e dançantes do evento”, assinala.

É o caso de José Hermínio Ferreira Pinto, de 51 anos, Mestre da Segunda Marujada de Montes Claros.

“Trabalhei como padeiro durante muitos anos e agora sou ajudante de serviços gerais, mas sempre gostei da festa. É uma tradição do nosso povo. Comecei a participar por curiosidade. Isso foi há 23 anos. Há dois anos, quando o Mestre Tone Cachoeira faleceu, me pediram para assumir a liderança”, diz.

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