Paraísos naturais

Mesmo com aumento na procura, ecoturismo regional enfrenta obstáculos

Larissa Durães
larissa.duraes@funorte.edu.br
Publicado em 26/03/2024 às 19:00.
Vestido de branco, Marcos Antônio Ribeiro Silva contempla a paisagem do Mirante dos Três Irmãos, localizado na comunidade de Sultepa, em Medina (MG) (Júnior fotógrafo)

Vestido de branco, Marcos Antônio Ribeiro Silva contempla a paisagem do Mirante dos Três Irmãos, localizado na comunidade de Sultepa, em Medina (MG) (Júnior fotógrafo)

O ecoturismo está ganhando cada vez mais destaque tanto a nível global quanto no Brasil, um país reconhecido por sua rica biodiversidade. Classificado como líder entre 150 nações nesse setor, o Brasil contribui com quase 60% do faturamento dos pequenos negócios voltados para o ecoturismo. Além disso, Minas Gerais emerge como um líder no crescimento do turismo no país, registrando um aumento de 43,6% em relação ao período pré-pandemia, conforme dados do Núcleo de Estudos Econômicos da Fecomércio-MG.

A turismóloga e instrutora de Turismo Rural do Senar Minas, Gal Bernardo, destaca o potencial ainda não explorado do ecoturismo na região norte de Minas Gerais. “Não existe um olhar voltado para essa área. As pessoas às vezes não acreditam. Porque aqui não tem turismo, aqui não vem turista, vem e vem muito. Mas se decepcionam, porque vêm atrás de encontrar uma coisa maravilhosa, mas não dá para desenvolver. Porque o ecoturismo exige equipamentos, os equipamentos são até caros, porque a segurança, em primeiro lugar, exige formação de guias especializados, então não tem investimento nisso. O poder público não ajuda”, analisa

“A parte do poder público é a infraestrutura básica, porque às vezes a pessoa tem dinheiro, mas não quer investir dinheiro num lugar que não tem a estrutura adequada, onde falta um investimento mínimo da prefeitura. Por exemplo, você entra num parque igual aquele do Peruaçu, quando chega lá dentro do parque o celular não funciona, muitas vezes não tem estrada para chegar no ponto turístico”, queixa

Para o agente de turismo rural do Vale do Jequitinhonha, Marcos Antônio Ribeiro Silva, o Brasil é um dos países mais ricos do mundo em recursos naturais. Contudo, “não sabemos explorar essa riqueza”, acredita. 

O principal problema que se enfrenta, segundo Marcos, são as secretarias que carecem de pessoas com perfil técnico e comportamental adequado para o cargo. “Num encontro em Teófilo Otoni do Sebrae, constatou que, dos 853 municípios de Minas, apenas sete secretários possuem tal perfil. Dependemos do poder público para transformar atrativos naturais em produtos turísticos, como saneamento básico, infraestrutura turística, limpeza e higiene adequadas. Contudo, falta investimento em conhecimento, esse pessoal não entende de nada e isso prejudica o empreendedorismo no ecoturismo”, comenta.

“Vou te falar, o ecoturismo, ele também, além de mostrar as belezas naturais do local, do município, da região, ele também traz muito emprego, traz dinheiro. O turismo é a soma das relações e serviços provocados pelo deslocamento das pessoas fora do seu habitat natural, então ele movimenta uma cadeia. Nós temos aí alimentação, hospedagem, limpeza, transportes, serviços turísticos. Por exemplo, eu recebi expedições de escalada, e o pessoal ficou aqui um mês e eles deixaram pouco mais de15 mil reais. O ecoturismo bem feito, traz dinheiro para a população onde acontece este tipo de turismo”, destaca o agente. 

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