Rodovia da morte

Pelo menos uma pessoa perde a vida em acidente na BR-251 toda semana

Christine Antonini
Montes Claros
18/07/2018 às 06:46.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:28
 (CBMMG/DIVULGAção)

(CBMMG/DIVULGAção)

O grave acidente ocorrido na segunda-feira na BR-251, que deixou oito mortos e 61 feridos, engrossa a estatística de tragédias na rodovia que registra, em média, uma morte por semana. Ontem, mais um acidente ocorreu na estrada. Um caminhão de óleo tombou próximo a Salinas. Não houve vítimas.

Nos seis primeiros meses deste ano, foram 104 acidentes – média de 2 por dia –, que deixaram 157 feridos e provocaram 23 óbitos, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Desde 2015, o número de ocorrências vem diminuindo, mas o de vítimas aumenta, o que mostra que as colisões são mais violentas e letais. Muitas delas envolvem veículos de carga, cujo fluxo é intenso na região.

“Grande parte dos acidentes registrados é devido à imprudência dos motoristas. Já flagramos caminhoneiros e motoristas de ônibus dirigindo sob o efeito de álcool. Por isso, desde o ano passado estamos fazendo fiscalização constantemente para barrar esse tipo de condutor”, afirma a chefe da PRF no Norte de Minas, Heloísa Menezes.

Ela ressalta que motoristas que insistem nesse tipo de comportamento expõem ao risco de acidentes os ocupantes do veículo, a si mesmo e também aos demais usuários da rodovia.

A BR-251 é considerada a rodovia mais perigosa do Norte de Minas. Além da precariedade do pavimento, a estrada não é duplicada e boa parte da pista é estreita, com curvas acentuadas. Neste cenário o fluxo de veículos é intenso, principalmente os de carga pesada, como caminhões, bitrens, carretas e cegonheiras.

Durante os feriados prolongados, a PRF sempre realiza o rodízio de veículos pesados em alguns trechos para tentar reduzir o número de acidentes.

Segundo um levantamento feito pela corporação, acidentes envolvendo o transporte de cargas nas rodovias mineiras têm sido cada vez mais letais – mesmo com a queda de 13% nos registros em 2017 frente ao ano anterior, as mortes cresceram 30% no mesmo período.
 
LUTO
O município de Rio Pardo de Minas decretou luto por três dias em respeito às seis vítimas que faleceram no acidente ocorrido na segunda-feira.

Fabio de Almeida Dias, de 28 anos, Celina Ribeiro, 71, Neli Ribeiro, 35, Suely Gonçalves dos Santos, 34, Maria Francisca Santana, 69, e Juscelino Marques, 42, morreram no local. Eles estavam em um carro da Secretaria de Saúde da cidade e seguiam para Montes Claros, onde fariam tratamento. 

“Rio Pardo está inconformada com a fatalidade de ontem (segunda). A população está em choque e muito triste. Infelizmente, para chegar a Montes Claros temos que pegar essa rodovia. Se o governo federal não tiver sensibilidade para duplicar a via, essa será apenas mais uma das muitas tragédias que já ocorreram e que continuarão a ocorrer”, lamenta o prefeito, Marcos Vinicius de Almeida Ramos. 

Também faleceram no acidente Natália Araújo de Almeida, de 23 anos, de Salinas, estudante da Unimontes, e o motorista que conduzia o carro da Prefeitura de Josenópolis, cujo nome ainda não foi divulgado.

Melhorias na rodovia custariam R$ 1 bilhão
Duas vítimas permanecem internadas na Santa Casa de Montes Claros. O estado mais grave é do policial militar de Mato Verde Rafael Pedro Santana. Ele respira com a ajuda de aparelhos e teve cerca de 90% do corpo queimado.

Os pacientes Glauber Luis das Neves, de 47 anos, uma criança de 5 anos, Sandra Simone Almeida, de 42, e Edson Souza Gonzaga, de 46, inalaram fumaça e tiveram alta ontem.

Elton Vicente Soares, de 42 anos, teve uma fratura exposta na perna e passará por cirurgia. O estado é estável.

Sobre a situação da rodovia, a Superintendência do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Minas Gerais informou, por meio de nota, que o “trecho da rodovia BR-251 onde ocorreu o acidente possui contrato de manutenção vigente. Tanto o pavimento quanto a sinalização (horizontal e vertical) estão em boas condições”.

Além disso, o órgão informou que “possui projeto executivo para obras de grande vulto em todo o segmento da rodovia (do entroncamento com a BR-116 até Montes Claros)”. Mas que “depende de dotação orçamentária do governo federal”.

As obras incluiriam a restauração, adequação de capacidade e melhoramentos em mais de 300 quilômetros da rodovia. O valor estimado é de R$ 1 bilhão.

Dentre as intervenções, seriam feitas a implantação de 110 km de terceira faixa; adequação e modernização de todos os trevos ao longo da rodovia; adequação e melhoria em todas as travessias urbanas; reforço e alargamento em todas as pontes; construção de um viaduto sobre a BR-116; construção de uma trincheira sobre o anel rodoviário de Montes Claros.

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