Produtores recusam entregar leite para o Fome zero

Jornal O Norte
01/12/2005 às 10:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:55

Benjamim Oliveira Júnior


Correspondente

JANAÚBA – Pequenos produtores do assentamento Mandassaia, neste município, iniciaram nesta semana o boicote ao programa Leite pela vida, que faz parte do programa Fome zero e é executado pelo ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e pelo Idene – Instituto de desenvolvimento do Nordeste e Norte de Minas. Os produtores reclamam da falta de recebimento nos meses de outubro e novembro. Alguns já não mais entregam o leite à fábrica, por entenderem que estão sendo prejudicados. Outros permanecem contribuindo, apesar da inviabilidade econômica.

O pequeno produtor rural José Alves da Silva se diz preocupado com o atraso na liberação do pagamento do leite.

- Isso poderá provocar prejuízos, pois não teremos como cultivar a lavoura e ainda conseguir crédito junto aos fornecedores - explica.

Segundo ele, o programa Leite pela vida é primordial na melhoria de vida dos pequenos produtores.

- Antes, recebíamos entre 20 e 25 centavos por litro, hoje são 50 centavos. Mas o atraso no pagamento é ruim- diz José Alves, que fornece 50 litros diários ao programa.

PREJUÍZO DE MEIO MILHÃO

A situação é agravante para 279 pequenos produtores da região de Janaúba, que agrega um dos setores do programa do Norte de Minas. O prejuízo até o momento é de cerca de R$ 500 mil diante do atraso no pagamento. Os produtores entendem que o atraso pode ter sido a falta de gestão administrativa no programa.

- Isso nos desestabiliza. Se não recebermos em dia, não teremos condições de honrar os nossos compromissos. Não teremos renda para formar capineiras, principalmente neste período de chuva - reclama um dos produtores.

Somente nesse setor de Janaúba são gerados pouco mais de 900 empregos diretos. Nos 34 setores do Norte de Minas, o programa Leite pela vida possibilitou a criação de em torno de 50 mil empregos diretos.

65 MIL SEM LEITE

Alteração no programa Leite pela vida poderá afetar 65 mil famílias do Norte de Minas e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, que ficaram sem o leite. As novas normas do programa determinam a cota de 5 mil litros por semestre por produtor cadastrado no Pronaf – Programa nacional de agricultura familiar. Até o momento já foi garantida a aquisição de 60% do leite para atender 150 mil famílias.

O coordenador estadual do programa, Agnos Rodrigues da Silva, que atua no Idene, diz estar com dificuldades para encontrar outros 2.410 pequenos produtores, e completar os 65 mil litros. Diante disso, acredita o coordenador, faltará leite para assegurar o abastecimento das famílias carentes.

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