Falta de recursos pode fechar única companhia de navegação do São Francisco

Jornal O Norte
02/08/2005 às 15:38.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:49

Tiago Severino


Correspondente

PIRAPORA - A Franave, única companhia de navegação do São Francisco, com sede em Pirapora, corre o risco de fechar as portas ou ser transferida para Juazeiro, devido à falta de liberação de recursos do governo federal para a manutenção de equipamentos. Mais de 130 famílias seriam atingidas diretamente com o possível fechamento da empresa.

Atualmente, a Franave tem 117 funcionários e 16 estagiários que, através dos gastos salariais, injetam na economia piraporense R$ 200 mil. Além disso, caso a Franave feche as portas, a prefeitura perderá os impostos pagos, como o IPTU.

Segundo Antônio de Souza Filho (Antônio Farinheiro), diretor financeiro da Franave, a empresa faz parte da história municipal e 80% da população piraporense tem algum vínculo com o fluviário. Para Antônio Farinheiro, o problema da Franave se iniciou quando o governo deixou de investir no transporte fluviário e a incluiu no PND - Plano nacional de desestatização. Desde então, ela sobrevive à base medidas provisórias. Neste ano, a MP 232 concedia mais um ano de funcionamento à empresa, porém, no dia 31 de março, os artigos que faziam referência a isso foram revogados.

Em substituição à MP, foi feito o projeto de lei 5.629/05, mas ainda está em tramitação no congresso. Por isso, Warmillon Fonseca Braga, prefeito de Pirapora, diz que é necessário agilizar os meios para a empresa receber os recursos necessários para a continuidade em Pirapora.

 - É importante o dinheiro para a economia, mas o principal motivo de defendermos a permanência da Franave é a história da navegação - afirma Warmillon. 

MUITAS TONELADAS

De acordo com a Franave, existem ao longo do rio 3.180.000 toneladas por ano em cargas para serem transportadas. Somente a empresa Caramuru alimentos, dona da marca dos produtos Sinhá, tem 600 mil toneladas por ano de soja in natura, e firmou um contrato com o governo da Bahia que, caso a navegação seja reabilitada, irá instalar uma fábrica em Juazeiro que irá gerar 250 empregos diretos.

- Está provado que a Franave é viável - diz Antônio Farinheiro.

Ele lembra que a navegação fluvial é em 35% mais barata em comparação com o transporte ferroviário e rodoviário. Uma vez que a capacidade de fluxo de cargas é maior; só um comboio tem a capacidade de transportar 3.800 toneladas, o que exigiria o emprego de 190 carretas.

A Franave possui dois comboios ativos e um no estaleiro, em modificações. Segundo a empresa, são necessários R$ 9.136.672 para concretizar todas as reformas e ampliações na frota, adquirindo-se mais dois empurradores com oito chatas, além da reparação nos demais.

PLENA ATIVIDADE

Quanto à navegabilidade do rio, o estado da Bahia está em plena atividade. Apenas no trecho mineiro do São Francisco é necessário fazer dragagens em alguns pontos, para que os empurradores possam navegar.

A empresa está tentando marcar uma reunião em Brasília, com o ministério dos Transportes, para apresentar os estudos de viabilidade econômica e estrutural. Na pauta a ser discutida estão o pedido de liberação de verbas e a retirada do PND, para que possam firmar parcerias para a construção de embarcações.

No período de 1960 a 1970, a Franave já teve dois mil funcionários e era a principal alavanca política municipal. Sem investimentos do governo, perdeu força. Nos anos 90, iniciou um processo de reabilitação e hoje realiza trabalhos sociais estendidos à população.

- A Franave é importante para a comunidade piraporense, através dos programas sociais, que contribuem para ajudar as famílias carentes - afirma Helder Braga, ex-presidente da empresa.

Caso a empresa seja transferida para Juazeiro, os funcionários efetivos serão todos remanejados para aquela cidade.

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