Tiago Severino
Correspondente
PIRAPORA - Desde o mês de outubro de 2004, centenas de peixes estão aparecendo mortos no trecho do Rio São Francisco em Pirapora, segundo estudo realizado pelo Cetec - Centro tecnológico de Minas Gerais, no primeiro semestre deste ano, o despejo de metais como pesticidas, zinco e cobre é o responsável pelo problema, que está afetando a economia e o modo de vida dos ribeirinhos. A origem ainda é desconhecida.
Estudo do Cetec aponta despejo de metais como causa, mas falta origem
- Apesar da redução do número de peixes mortos, ainda é comum vê um ou outro boiando sobre a água - diz Pedro Melo dos Santos, presidente da Colônia de pescadores Z-1. A mortandade dos peixes provocou queda na venda do pescado. Ele informa que os animais mortos são de vários tamanhos e espécies, mas, entre os mais atingidos, estão surubim, curimatá, pirá e mandi.
Ele acrescenta: - Nosso objetivo não é punir ninguém, mas resolver essa questão, evitando a morte dos peixes.
Para ele, a maior preocupa-ção é com a qualidade da água que abastece Pirapora, que também pode estar sendo prejudicada.
ÁGUA NORMAL
No entanto, o Saae - Serviço autônomo de água e esgoto, empresa que abastece Pirapora, colheu amostras de água e enviou ao laboratório Biogri ambiental, que constatou que a água que chega à cidade e região está dentro dos padrões de normalidade, como determina a portaria 518 do ministério da Saúde e, portanto, apta para o consumo.
Também foram colhidas 12 amostras de peixes (vivos e mortos), que foram analisadas pelo Cetec. O laudo apontou que todos eles sofreram alterações anátomo-fisiológicas em seus órgãos, decorrentes da contaminação por cobre, zinco ou pesticida, não sendo possível verificar se foi a ação conjunta ou isolada desses elementos que produziu essas alterações, pois os seus efeitos são semelhantes no organismo.
Rafael Henrique Fernandes, promotor de justiça da comarca de Pirapora, diz que, após o resultado do Cetec, no qual ficou detectado que a causa seria da região de Três Marias, o inquérito civil que apura a mortandade dos peixes foi encaminhado para a coordenação das promotorias da bacia, em Sete Lagoas, que já teria feito contato com órgãos ambientais para apurar a origem dos resíduos que estão sendo despejados no rio.