Onda verde toca obras

Projetos sustentáveis e com menor impacto ambiental ganham espaço

Patrícia Santos Dumont
Hoje em Dia - Belo Horizonte
29/07/2018 às 07:00.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:38
 (GUSTAVO XAVIER/DIVULGAÇÃO)

(GUSTAVO XAVIER/DIVULGAÇÃO)

A forma como as pessoas se percebem no mundo e os reflexos que geram no meio ambiente têm motivado uma mudança de postura na construção civil – segmento que mais consome recursos naturais e gera impactos, conforme o Ministério do Meio Ambiente. 

Empresas de arquitetura e engenharia têm alinhado à estética dos empreendimentos uma preocupação maior com sistemas e materiais capazes de evitar ou reduzir reflexos ambientais negativos. Localizada em Nova Lima, na Grande BH, a Katz Construções equipou um dos empreendimentos mais recentes, na mesma região, com estação para carros híbridos e bicicletário para bikes elétricas, ambos menos poluentes. 

O edifício tem ainda dispositivos que captam água de chuva, aproveitada na limpeza de áreas comuns e jardins, e aquecimento com energia solar. O empreendimento, segundo o presidente da empresa, Daniel Katz, foi inspirado em projetos executados nos Estados Unidos.

“Garantimos que outros pontos fundamentais do conceito de sustentabilidade sejam considerados, como o econômico e o social. Buscamos atender uma geração para a qual o cuidado com o meio ambiente é fator decisivo na hora da compra”, diz.
 
CONFORTO TÉRMICO
A mineira EPO Engenharia também tem feito aposta semelhante. Além de adotar medidas que favorecem a reciclagem de resíduos, a construtora utiliza estratégias como ecotelhado e fachadas aeradas, que melhoram a sensação térmica dos moradores, reduzindo a necessidade de ar-condicionado. 

Arquiteta na área de projetos na empresa, Fernanda Romano destaca também a maior preocupação do grupo em verticalizar ao máximo uma edificação no Vale do Sereno (Nova Lima). O objetivo foi ocupar menos espaço, priorizando áreas verdes no nível da rua. “Melhora a ambiência para o bairro e para os moradores”, diz.

Mesmo custando até 15% mais em relação a uma obra convencional, empreendimentos “verdes” têm mais liquidez, garante a profissional. “Aceleram o ritmo de vendas e reforçam nossa marca”, diz. 

CINCO DIAS
Para provar a viabilidade de projetos sustentáveis, a Bellini Arquitetura & Construção, também entrou na onda verde. Recentemente, a empresa concluiu em apenas cinco dias um loft que utiliza o método construtivo steel frame. Toda a obra, que tem 106 m², gerou somente meia caçamba de resíduo – 17% menos em relação a uma construção convencional.

Na fachada do imóvel, foram usados vidros com tecnologia capaz de gerar energia para a casa e até para os veículos. “Mudamos nosso comportamento após os últimos episódios de escassez de combustível. É importante começar a pensar na geração da própria energia”, enfatiza o arquiteto Gustavo Bellini, sócio-proprietário da empresa. A casa custou R$ 80 mil. 

Arquitetura ecológica usa o que a natureza oferece
Carimbar uma construção com um “selo verde” não precisa ser motivo para gastar mais ou investir em tecnologias sofisticadas. Um planejamento bem feito que compatibilize as necessidades do cliente e a lógica do lugar onde a obra será erguida pode ser o ponto de partida. 

É essa a premissa da Forhaus, empresa dos arquitetos Matheus Melo e Marco Terenzi. Especializada em planejar e executar casas, prioriza a máxima eficiência energética por meio de uma arquitetura ecológica que respeite a natureza. 

“O cliente pode ter uma vista maravilhosa e desejar uma enorme janela de vidro, que pode não funcionar se estiver virada para o norte, por exemplo. Se não consideramos entrada de luz e a temperatura, acabamos criando uma demanda maior por ar-condicionado”, explica Matheus, exemplificando a importância do respeito ao meio ambiente na construção de uma obra sustentável.
 
NA MEDIDA EXATA 
Evitar o desperdício de materiais e consequentemente a geração de resíduos é outra bandeira da Forhaus. Ao computar, no projeto, as medidas exatas de cada espaço, os arquitetos evitam a compra de mais insumos do que o necessário.

“As peças são fabricadas sob encomenda e chegam numeradas, prontas para a montagem. Não é preciso cortar nada, logo não há geração de resíduo”, detalha Matheus.

Dentre as principais matérias-primas usadas nas obras projetadas estão madeira, vidro e aço. Para minimizar o impacto ambiental das casas, desenhadas para integrar-se à natureza, é usada a menor quantidade possível de concreto. 

SAIBA MAIS
Cartilha dá dicas para um bom projeto sustentável

Para incentivar o uso de tecnologias verdes, o Ministério do Meio Ambiente disponibiliza uma cartilha com as melhores formas de se realizar um projeto seguindo diretrizes de sustentabilidade. De maneira bem didática, a publicação traz um mapa que mostra como cada cômodo deve ser disposto para aproveitar insolação e ventilação natural.
 
Conforme a cartilha, construções sustentáveis geram economia de até 30%, gastando menos água e energia elétrica, e ainda têm vida útil maior em relação a um imóvel convencional. O texto também sugere o uso de material reciclado. 
 
A publicação também recomenda a preservação de espécies nativas no terreno, que garantem estabilidade do solo e refrescam o ambiente. Outra dica é privilegiar a iluminação natural. Além de ajudar na economia de energia, é mais agradável. O uso de coberturas verdes, principalmente em construções verticais, é outra sugestão. Elas ajudam a reter a água da chuva, melhoram o conforto térmico e, assim, fazem com que os moradores usem menos equipamentos, como ar-condicionado. 
 
A cartilha está disponível no site oeco.org.br/images/stories/file/abr2013/cartilha_construcoes_sustentaveis_.pdf

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