A Fiat tem feito um grande esforço para referendar o visual do sedã Cronos, que segue a linguagem passional das Alfas. É uma forma de contrapor com a frieza do Volkswagen Virtus e a caretice dos demais sedãs compactos do mercado. No entanto, caro leitor, o Cronos não tem uma gota da paixão de uma Alfa Romeo, mesmo que seu desenho tenha inspirações no coure sportivo.

Mas não veja isso como um demérito e nem mesmo como uma crítica pejorativa. Enxergue isso como um predicado. O Cronos é um sedã funcional, desenvolvido para ser um meio-termo entre o finado Linea e o condenado Gran Siena.

Foi um carro pensado para atender aos órfãos dos sedãs médios. Aqueles consumidores que não podem mais pagar para um modelo como Toyota Corolla e seus similares, mas que conseguem bom espaço interno e pacote de equipamentos equivalente. Claro que o Cronos não tem o mesmo garbo e qualificação que os médios, que hoje orbitam faixas de preço entre R$ 85 mil e R$ 130 mil.

Testamos a versão Precision 1.8, com caixa manual. Trata-se da segunda opção mais sofisticada do modelo, que só fica atrás do automático. O preço inicial é R$ 62.990. A versão avaliada estava equipada com Kit Tech (ar-condicionado digital, multmídia com tela de sete polegadas e conexão nos padrões Apple CarPlay e Android Auto; sensores de chuva e crepuscular; retrovisor interno eletrocrômico e retrovisores externos com rebatimento e ajustes elétricos), assim como câmera de ré e pintura metálica. Tudo isso fez com que o preço saltasse para R$ 69.330.

O sedã ainda pode ser equipado com airbags laterais, bancos revestidos em couro e rodas de liga leve aro 17, que elevam seu preço para R$ 75.430.

RECEPTIVIDADE
O Cronos foi lançado em fevereiro e março foi o primeiro mês cheio de vendas. O modelo anotou 1.500 unidades, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Apesar de ser muito cedo para dizer se vingou ou não, o Cronos tem uma missão árdua pela frente, que é recuperar a liderança entre os sedãs compactos, há muito perdida pelo Gran Siena.

Fiat Cronos Precision 1.8
O que é?
Sedã compacto, quatro portas e cinco lugares.

Quanto custa?
Entrada: R$ 62.990
Testado: R$ 69.330
Completo: R$ 75.430

Com quem concorre?
O Cronos Precision 1.8 (manual) está na posição intermediária entre pequenos e compactos sem transmissão automática. Assim, concorre com Chevrolet Prisma LTZ 1.4 (R$ 63.190), Chevrolet Cobalt LTZ 1.8 (R$ 66.590), Ford KA+ SEL 1.5 (R$ 61.250), Honda City DX 1.5 (R$ 60.900), Hyundai HB20S Comfort Plus 1.6 (R$ 59.230), Nissan Versa SL 1.6 (R$ 63.990), Renault Logan Dynamique 1.6 (R$ 59.650), Toyota Etios Sedan X-Plus 1.5 (R$ 57.770) e Volkswagen Virtus MSI 1.6 (R$ 59.990).

No dia a dia
O Cronos é um compacto que segue a receita dos demais modelos do mercado. O acabamento é simples, mas a montagem é convincente, sem rebarbas ou peças mal encaixadas. O nível de ruído também é baixo, apesar de o isolamento acústico estar longe de ser exemplar.

A versão testada, equipada com pacote Kit Tech (R$ 3.500), dá ao modelo muita comodidade com direito a ar-condicionado digital, sensores de ré, chuva e acendimento automático dos faróis, retrovisores elétricos, vidros elétricos nas quatro portas, multimídia de sete polegadas e câmera de ré (R$ 650), que se somam à direção elétrica, rodas de liga leve aro 16 e faróis de neblina.

O modelo se destaca pelo bom espaço interno, tanto para quem viaja na frente, quanto atrás, mas nada que impressione como no Versa ou Virtus. Ocupantes de estatura elevada que se sentarem à frente fatalmente irão espremer quem vai na segunda fileira. Por outro lado, o espaço para bagagem é excelente: são 520 litros.

Motor e transmissão
O motor Etorq Evo 1.8 16v de 139 cv e 19,2 mkgf faz do Cronos um automóvel ágil e que acelera bem, mas o torque só aparece mesmo acima dos 3 mil rpm, o que exige encher o motor. Nas arrancadas em ladeira, é preciso dar um pouco mais de pé, senão ele morre, mesmo que o Hill Holder não o deixe voltar.

A caixa manual de cinco marchas é a mesma de sempre, com engates longos e pouco precisos. O ideal seria que a Fiat adotasse a caixa manual de seis marchas, que já comercializou no Fiat 500.

Como bebe?
Abastecido com gasolina, registrou média de 10,7 km/l no trajeto combinado entre rodoviário e urbano.

Suspensão e freios
A suspensão segue o “padrão” com eixo rígido na traseira e independente McPherson na frente. O acerto é bom e garante boa firmeza em velocidades mais altas, sem comprometer o conforto em pisos irregulares. Os freios são a disco (na frente) e tambor (na traseira).

Pontos positivos
Consumo
Montagem

Pontos negativos
Pacotes de opcionais caros
Isolamento acústico precário