No devido lugar

Sirva a bebida no copo certo e tire o melhor proveito do aroma e até da temperatura

Patrícia Santos Dumont
Hoje em Dia - Belo Horizonte
29/07/2018 às 07:00.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:38
 (RIVA MOREIRA)

(RIVA MOREIRA)

Para um bom apreciador de cerveja, a bebida “trincando” basta. Certo? Errado! Levar em conta a temperatura é importante, mas não é a única providência a ser tomada na hora de saborear o fermentado de cereais. Atributos como cor, brilho, aromas e sabores, que variam conforme o estilo, são fundamentais para uma experiência completa. Escolha o copo certo e tim-tim!

Bojo e boca largos, por exemplo, características presentes nos cálices, são fundamentais para quem deseja extrair o melhor das cervejas belgas, bastante alcoólicas e aromáticas. O primeiro atributo do recipiente possibilita que o líquido seja aquecido pelas mãos (assim como se faz com o conhaque) e o segundo, que os perfumes exalem e cheguem diretamente ao nariz.

Sommelier de cerveja, Fabiana Arreguy explica melhor. “A boca extremamente aberta expande a espuma, volatiza o álcool e dissipa os aromas. Tudo isso é importante para um copo de cerveja belga”, enfatiza.

Queridinhas em bares e restaurantes e presença certa nas casas de bebedores de cerveja, as taças pilsen (não confunda com a tulipa!), por sua vez, têm como principal função servir de “vitrine”. Perfeitas para o estilo de mesmo nome, evidenciam o que a cerveja tem de melhor: a beleza.

“Até que esse estilo fosse criado, em 1842, na cidade de Pilsner, na região da Boêmia (República Tcheca), as cervejas eram turvas, escuras e não tinham beleza para ser exaltada. Por causa dos copos, de cristal, criou-se a cerveja, dourada e transparente, que podia, então, ser valorizada”, conta a especialista, sócia na Academia Sommelier de Cerveja, em Belo Horizonte. 

COLARINHO
Preservar o colarinho – dispensado, equivocadamente, por muitos – é outra função dos copos. Além de manter a temperatura adequada (nem todas precisam estar estupidamente geladas, como os brasileiros gostam), a espuma (dois a três dedos é o ideal) cria uma barreira, que protege da oxidação pelo ar. Esse tipo de contato modifica o sabor original da bebida, explica Fabiana Arreguy. 

Assim como uns casam perfeitamente com o estilo de cerveja que irão servir, outros desempenham função meramente anatômica, facilitando a vida de quem vai tomar a bebida. Caso do pint, pensado para evitar quedas e quebras nos pubs da Inglaterra.

A tradicional caneca da Oktoberfest – festa alemã realizada em Munique há mais de 200 anos – desempenha função parecida. Com capacidade para comportar um litro de cerveja de estilos geralmente muito leves, de baixa fermentação, como as helles, podem ser carregadas até no pescoço com ajuda do passante. 
 
LAGOINHA
Há também copos cujo papel é preservar a temperatura da cerveja que vai dentro. Exemplo clássico, conforme a sommelier, é o popular lagoinha, muito usado nos bares e botecos. Com 170 ml de capacidade, possibilita maior “rotatividade” da bebida, impedindo que fique quente e seja, por causa disso, descartada.

“Costumam ser usados para cervejas comerciais, cujo atributo é serem extremamente geladas para matar a sede. Se esquentam, ninguém toma”, diz a especialista. 

Sobre o material, ela recomenda cristal ou um vidro bem fininho. Ambos proporcionam melhor percepção da temperatura. E nada de levá-los ao freezer antes de servir a bebida, adverte a sommelier: “É uma prática antiga, que acaba aguando a cerveja”.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por