As mulheres, em geral, enfrentam mais barreiras no mundo do trabalho. Quando se trata de trabalhadoras que fogem da heteronormatividade, os obstáculos podem ser ainda mais severos
Fazem parte desse grupo lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais. As mulheres vivem uma condição de subjugação, tendo dificuldades no mercado de trabalho. A adversidade é geral, algumas, porém, enfrentam resistências maiores.
É o caso das mulheres LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), especialmente as trans, que sofrem muito mais. A análise é de Valdenízia Peixoto, professora de Serviço Social da Universidade de Brasília (UnB). Ela explica que lésbicas e bissexuais não são obrigadas a revelar a própria condição no mercado de trabalho, enquanto travestis e transexuais são mais facilmente reconhecidas.
- Uma diferença entre o primeiro e o segundo grupo é o fato de que gays são atraídos por pessoas do mesmo sexo e aceitam o próprio gênero. Já trans não se identificam com o gênero em que nasceram, mas não necessariamente são homossexuais.
IDENTIDADE
Na visão da professora, o fato de muitas lésbicas e bissexuais preferirem esconder a própria identidade sexual demonstra que a sociedade em que estão inseridas é patriarcal e lesbofóbica.
- A pessoa fica impedida de revelar quem de fato é, o que acarreta problemas de sociabilidade em todos os âmbitos. Assim, a mulher se torna retraída, tem que forjar uma aparência, o que implica o bem-estar - resume.
Lenne Evangelista, vice-presidente da associação Elos LGBT, no entanto, apesar do preconceito, avalia que o mercado de trabalho tem ficado mais aberto.
- Em lanchonetes e até no comércio, em lojas de perfil mais liberal, é mais comum ver gays e lésbicas. Para as trans, continua difícil - conclui.