Artesãos, sim, mas antes de tudo trabalhadores

Considerados remanescentes da geração hippie (referência que repelem), os artesãos chegam de todos os cantos e, até mesmo, de outros países, encontrando em Montes Claros condições ideais para vender seus produtos e garantir a sobrevivência

Jornal O Norte
01/12/2016 às 07:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 15:41

Vitor Costa
Estagiário

Viajando de um lugar a outro seja a pé, de carro, de carona ou até mesmo de avião, jovens de várias idades resolvem sair dos moldes conservadores da sociedade, deixar a família, emprego e até filhos para se juntar a princípios básicos de conhecer outra cultura.

Falon Murilo, colombiana de 31 anos, era tecnóloga em gestão financeira e está, há dois dias, em Montes Claros, onde vende acessórios artesanais na Praça da Matriz e diz gostar da receptividade da população.

- Antes eu estava em Uberlândia e senti que as pessoas daqui são mais acolhedoras, tentam fazer com a gente se sinta como parte do povo. Somos artesãos, sim, mas antes, somos trabalhadores honestos – diz a colombiana.

Para conseguir dinheiro, os artesãos vendem brincos, pulseiras, colares, entre outros. Os valores arrecadados são diferentes de acordo com o dia, explica outro estrangeiro que reside em Montes Claros, o argentino Juan Paulo da Rocha.

- Tem dia que eu ganho R$100, no outro não ganho nada, é assim a gente vai vivendo. Hoje, as pessoas têm dinheiro, mas não têm liberdade e eu busco liberdade - resume Juan.

Falon também busca no artesanato uma forma de manter o seu sonho de viajar. Depois de Montes Claros, ela pretende seguir rumo a Salvador.

- O artesanato é uma opção para pagar toda a despesa com deslocamento de um local a outro. Além da sensação de liberdade, de trabalhar na hora que eu quero isso tudo me propicia conhecer gente de outras culturas – finaliza Falon.

Embora conhecidos como hippies, não é assim que eles se reconhecem, explica o argentino Juan Paulo da Rocha.

- Somos artesãos. Somos, portanto, trabalhadores e não hippies, como alguns teimam em nos rotular. Os tempos passaram. Não existe mais a cultura hippie como antigamente e hoje o termo é até pejorativo. Antes de tudo, repito, somos trabalhadores – conclui Juan.

Ulisses Thomaz tem 21 anos e estudava piano em um dos melhores conservatórios na cidade de Buenos Aires, na Argentina, e decidiu largar tudo para viver do violão pelas cidades brasileiras.

- A minha mãe me apoiou. Para ela, a felicidade do filho é mais importante. No início eu fazia quadros de madeira para garantir o sustento. Foi uma ideia que não deu muito certo, então conheci um amigo e juntos começamos a tocar e viramos músicos. Para viajar, o violão é mais cômodo – relata Ulisses.

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