O vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar, negou hoje ser candidato à presidência da República, ao governo de Minas Gerais e a alguma vaga no Congresso Nacional.
- Eu não sou candidato à nada - afirmou, em entrevista à Rádio Eldorado. - Toda a minha família, minha mulher, meus filhos, meus netos, eles querem que eu volte para casa - explicou.
Ele informou, porém, que os ataques que vem sofrendo da mídia não vão afastá-lo da política.
- Isso aí provavelmente me encoraje, porque eu não estou habituado a correr de patifarias - destacou, classificando como ignomínias as acusações que sofreu na última edição da revista Veja. A reportagem responsabiliza Alencar por um encontro de contas sobre a Varig e diz que a Coteminas, empresa da família do vice-presidente, teve vantagens ao ser criada como empresa da Sudene e toma empréstimos do governo a taxas de juros mais baixas que as praticadas normalmente. Na entrevista, ele repudiou todas as acusações.
- Seria bom que a revista e toda a imprensa se informassem antes de praticar ignomínias contra a empresa. Isso é uma coisa que nos deixa tristes – lamenta.
Alencar relatou que ingressou na política para que sua experiência contribuísse para a vida pública, mas ressaltou que desde então, sua vida particular e em suas empresas tiveram apenas prejuízos. Entretanto, definiu-se como otimista e negou sentir mágoa do governo.
- Eu não estou aqui para defender o interesse das minhas empresas. Eu estou aqui como brasileiro, acreditando que possa haver um espaço para que o Brasil volte a ser aquele Brasil do tempo de Juscelino Kubitschek, que crescia a taxas elevadas e, além de crescer, gerava oportunidades de trabalho e de distribuição de renda. É isso que nós queremos para o nosso País - explica
Ao falar sobre a crise política, Alencar disse que ela deu provas de que as instituições democráticas estão consolidadas no País.
- Isso foi um lado altamente positivo da crise - considerou. Ele citou ainda que, por envolver não apenas partidos aliados, como também partidos de oposição, a crise deu a oportunidade de que o Brasil seja passado a limpo.
- A crise pode ser aproveitada, como já disse e repito, para que se passe o Brasil a limpo, que é o que todos os brasileiros desejam – argumenta.
Sobre as altas taxas de juros, o vice-presidente reafirmou que elas impedem o crescimento da economia e não combatem a inflação de forma efetiva, pois, em sua opinião, ela decorre, em grande parte, dos preços administrados e do petróleo, e não do consumo.
- Enquanto as aplicações financeiras renderem mais do que uma atividade produtiva, com segurança absoluta e liquidez imediata, não há razão para um cidadão fazer uma aventura de investir numa indústria, comprar máquinas e matéria prima, produzir e ir vender fiado pelo interior do País, correndo um risco brutal e no fim ganhar menos da metade do que poderia ganhar aplicando como rentista o seu dinheiro. É por isso que eu sou contra os juros altos – conclui.