O ano de 2008 entrou para a história do futebol montes-clarense e será lembrado por todas as gerações esportivas como ano de conquista. O Funorte Esporte Clube, com apenas 1 ano de formação, conquistaria o título de campeão mineiro da segunda divisão.

Ao golear a equipe do Santarritense por 3 x 0, o Formigão conquistou a taça e o seu primeiro título como time profissional. Naquele ano, a equipe tricolor ficou na chave C da competição, juntamente com o América–TO, que foi vice-campeão ao final da competição, subindo juntamente com o time norte-mineiro, para o módulo II da primeira divisão.

Três personagens daquela conquista falaram à reportagem de O NORTE sobre a emoção e a importância daquele título para Montes Claros: o presidente Cristiano Junior, o zagueiro Odair e o goleiro Everaldo. Confira:
 
Como foi retornar com um time para a primeira divisão em 2007 e no ano seguinte ser campeão da segunda divisão?
Cristiano Júnior: Em 2007 fizemos uma péssima campanha. A equipe tinha sido formada, na sua maioria, por atletas de Montes Claros e que tinham pouca experiência em disputar uma competição tão difícil quanto o Mineiro. Eu e o Jeibson Moura, a quem agradeço muito pelo apoio e trabalho à frente da equipe, formamos um time que, pode se dizer, foi muito caseiro. Aí no ano seguinte formamos uma equipe com atletas que já tinham tarimba nesse tipo de torneio.
 
Quais atletas foram importantes para a formação da equipe?
Cristiano Júnior: Destaco dois atletas fundamentais para aquele time campeão de 2008: Odair, que havia sido campeão da Libertadores com o Cruzeiro em 1997, bicampeão Mineiro e vice-campeão da Copa do Brasil, além de ter tido passagens pelo Braga, em Portugal, e o goleiro Everaldo Cardoso, que, com sua experiência em equipes como Vila Nova, de Nova Lima, Valério, de Itabira e mais de 23 equipes pelo Brasil, sabia o caminho das pedras para conquistar a competição. Eles me ajudaram a compor a espinha dorsal da equipe e me colocaram em contato com o técnico Luiz Eduardo, que havia treinado e dado o acesso ao Araxá no ano anterior. Eles fizeram essa ponte e atuaram como líderes daquele time campeão.
 
Mais algum atleta foi importante naquele elenco?
Cristiano Júnior: Sim, o Vítor, ex-lateral do Atlético. Ele também era da região (Grão-Mogol) e iria se aposentar no futebol. Abraçou a ideia e queria também ajudar o time no acesso e consequentemente na conquista do título. E o Ditinho, que se transformou no Xodó da torcida, ganhando apelido de “Furioso” por suas arrancadas. Trouxemos ele do Araxá para se tornar o eterno ídolo do Formigão.
 
Na trajetória da equipe, que partidas foram memoráveis?
Cristiano Júnior: A partida contra o América–TO. As duas equipes buscavam o acesso e por isso estabeleceu-se ali uma rivalidade muito grande. O Funorte perdia por 3x0 e buscou o empate. No fim, conquistamos o título e eles foram os vice-campeões. Isso também foi de grande valia na competição porque eles tornaram o campeonato valoroso.
 
Como você resume a história dos 10 anos da conquista do título mineiro da segunda divisão?
Cristiano Júnior: Como um divisor de águas. Destaco a união dos atletas pela causa. Não éramos o time mais forte da competição, mas certamente o mais unido. Ali começamos nossa caminhada para o que seria o acesso ao módulo I, dois anos depois, onde enfrentaríamos os grandes do estado: América, Atlético e Cruzeiro. Foi um sonho, sonhado pelo professor Ruy Muniz, que tornamos realidade. Sou grato a todos que participaram e quem sabe possamos ver repetidas essas conquistas em nossa cidade. Torço para que isso aconteça.
 
Como você destaca seu papel como líder daquele time que conquistou um título?
Everaldo Cardoso: Foi uma tarefa que me foi designada pelo Cristiano Junior, já que eu conhecia diversos atletas que atuavam nos clubes de Minas, que teriam a experiência necessária para ajudar o time na conquista do acesso à primeira divisão. Foi isso que fizemos e foi um ano prazeroso e difícil, mas valeu a pena proporcionarmos esta alegria ao torcedor de nossa região.
 
Como resume a história dos 10 anos da conquista do título mineiro da segunda divisão?
Everaldo Cardoso: Eu resumiria como a união de esforços para que um time pudesse dar alegria aos torcedores da região. A vontade de trazer um título para casa e o desejo de vencer. Tudo isso somado ao bom relacionamento fora dos gramados fez com que chegássemos àquela conquista que teve um sabor especial para Montes Claros e região.

Odair Borges, como surgiu o convite para compor a equipe do Funorte que conquistou o Mineiro da segunda divisão?
Odair Borges: Eu estava encerrando meus trabalhos na equipe do Brasil em Portugal e voltei ao país, atuando no futebol goiano e depois participando da ascensão do Araxá em 2007. Daí o Cristiano Junior me convidou para integrar a equipe e me apresentou o projeto. Eu aceitei, já que teria pela segunda vez a oportunidade de defender um time de minha cidade, com a possibilidade de subir à primeira divisão. Éramos um time mesclado de jogadores cascudos e experientes e alguns até em final de carreira, como eu, Everaldo, Vítor, Bráulio e os que estavam começando, como Pikachu, Dhiogo, Jonathan, Costelinha e tantos outros. A troca de experiência foi fundamental naquela equipe.
 
Como você resume a história dos 10 anos da conquista do título mineiro da segunda divisão?
Odair Borges: Eu diria que foi a conquista de uma família. Ali foi criado um grupo que abraçou a ideia de conquistar o título e não havia espaço para vaidades individuais. Independentemente de quem era titular ou reserva, todo mundo queria dar o seu melhor e vencer. Todos pensavam no mesmo objetivo. Certamente esse foi o fator que mais pesou naquela conquista.

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