Quase a metade dos estudantes da rede particular precisa trabalhar

Jornal O Norte
11/08/2005 às 20:40.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:49

Káthira Cangussu


Repórter


kathira@onorte.net

As universidades públicas ao serem comparadas com as instituições particulares de ensino superior receberam no ano passado um maior número de alunos que trabalham, muitos deles em período integral, vindos do ensino médio público.

Em avaliação feita pelo Enade - Exame nacional de desempenho dos estudantes em 2004, mostrou que 47,7% dos alunos que estão matriculados na rede privada já trabalham, enquanto nas públicas são apenas 21,6%. O número de alunos da rede particular que trabalham 40 horas semanais em período integral é o dobro dos da rede pública. São 32,3% contra 13,8%.

ESCOLARIDADE

Para a acadêmica Tatianne Meira, 21 anos, procedente da rede pública, que hoje cursa o 2° período de enfermagem em uma instituição superior particular, as chances que se tem para se ingressar em uma universidade pública se tornam cada dia mais impossíveis.

- Como sou de uma família que possui poucas condições, sempre estudei em escola pública. Trabalhava durante o dia e à noite ainda ia estudar. E quando estava perto de concluir o terceiro ano, não tinha muita esperança de passar na Unimontes. Mesmo assim, estudei muito. Cheguei a ficar na lista de espera. Depois de dois anos tentando o curso de enfermagem, resolvi prestar o vestibular em uma instituição particular. Hoje estou realizada, mas preciso trabalhar em dobro para conseguir pagar a faculdade.

Já Simone Dias Klaus sempre estudou em escola particular e nunca precisou trabalhar para ajudar a família.

- Estou fazendo o 4° período de medicina. Mas não acho que a base do ensino fundamental interfere no resultado de um vestibular. Se o estudante quer mesmo passar no vestibular, independentemente de ser da rede particular ou não, é preciso estudar muito.

No ano passado, 83.661 ingressantes e 56.679 concluintes fizeram o Enade. São alunos de 2.184 cursos divididos em 13 áreas. Ao divulgar os resultados do exame, em maio, o Inep havia tabulado apenas os dados gerais. Agora, separou os alunos pelas redes pública e particular.

CURSOS NOTURNOS

Dados fornecidos pelo MEC – ministério da Educação, mostram que, entre 1995 e 2002, só 31% das novas vagas criadas nas instituições públicas foram de cursos noturnos. Na rede particular, a expansão foi de 67% no mesmo período. Atualmente, dos 2,27 milhões de vagas noturnas, 1,863 milhões são da rede particular.

- Os alunos com renda menor e que precisam trabalhar acabaram, de certa forma, sendo levados à rede privada, pois não sobra tempo para estudar durante o dia. Assim, a opção que eles têm é tentarem o vestibular na rede particular e optarem pelo curso noturno - fala Orlando Sampaio, professor acadêmico.

O aluno de renda mais baixa, que ingressa com dificuldade, tem uma ascensão econômica percebida rapidamente quando termina o ensino superior.

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