Atores que dançam, cantam e encantam

Jornal O Norte
11/10/2005 às 09:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:53

Jerúsia Arruda


Repórter

Cumplicidade e delicadeza. Assim funciona a parceria que se estabelece entre Mercedes Pilati e Waldemar Euzébio na peça teatral Histórias da gente, apresentada no último final semana, sábado, no Colégio Indyu, e domingo, no teatro do Centro cultural.

O espetáculo tem uma performance impecável, onde drama e humor, contos e cantos, lágrimas e risos envolvem a platéia que cala, ri, emociona, grita, dá boas gargalhadas, assovia e bate palmas, interagindo com os personagens incorporados com maestria pelos atores.

O ESPETÁCULO

Logo no início da peça o trecho de uma crônica de Waldemar Euzébio Pereira instiga o auto-questionamento propondo uma reflexão sobre a constante mudança do homem no tempo e no espaço.

No segundo ato, o texto O grande mentecapto, de Fernando Sabino, conta andanças de João Tocó. Mercedes Pilati interpreta, com uma dramaticidade ímpar o sofrimento de uma família que busca o sonho, a riqueza, a ilusão de um futuro feliz. Uma crítica às falsas promessas feitas pelo governo ao povo simples e humilde que vive do lado avesso da vida, evidenciando a exploração de Diamantina pelas grandes mineradoras. Ponto alto do espetáculo com as lágrimas de Waldemar, que se emociona ao entoar os últimos versos e acordes da história de João Tocó.

A seqüência do espetáculo é mais descontraída, com as histórias Cruzalino e Quincas Borges, extraídas do conto Vai falar mentiras assim no Inferno, de José Xavier Gomes, e da adaptação de textos de João Antônio e Graciliano Ramos, onde atores cantam, dançam e envolvem a platéia como parte do espetáculo. Participação do ator Sebastião Monteiro, esposo de Mercedes.

EXALTAÇÃO

O quarto ato da peça, o texto Poetahomem, de Waldemar Euzébio é uma exaltação ao ser humano, com uma interpretação emocionante de Mercedes Pilati e participação da cantora Gabriela Pilati.

A peça termina com um texto de Vianinha (Oduvaldo Vianna Filho), extraído da peça teatral A mais valia vai acabar, seu Edgar, que questiona o capitalismo e seus efeitos sobre o comportamento humano.

PARCERIA E CUMPLICIDADE

Histórias da gente é um espetáculo montado numa combinação de literatura e música, onde se completam de forma harmoniosa. Os textos escolhidos têm a medida certa de drama e humor, fantasia e realidade, crítica e poesia. A música passeia dos acordes clássicos à melodia barranqueira, passando por tangos, serestas tristíssimas e cantigas religiosas.

O encontro da atriz e do músico e também ator - que antes de se unirem por conta da peça estavam fora dos palcos há algum tempo, é explicado na música de Histórias da gente, de Waldemar, que diz: nem canto a gente canta mais, nem conto a gente conta mais. Veja bem, meu rapaz. Que foi que te fez infeliz? Que foi que fez daquela atriz? Veja bem que és capaz de fazer o mundo rir sem pensar nem mesmo se és feliz. Me conta um conto que eu conto mais. Me canta um canto que eu, contumaz, te farei mais capaz. Faz assim, eu cuido de você e você de mim.

DESAFIO

O espetáculo foi uma promoção da rede Soebras, que tem entre seus objetivos a promoção de valores culturais, desenvolvendo nos alunos a consciência e a necessidade do conhecimento dos próprios valores e da história cultural como um todo.

Segundo o professor Ruy Muniz, presidente da rede, a educação cultural é parte fundamental na educação pedagógica, e em Montes Claros, há uma lacuna a preencher nesse aspecto.

Feliz por ter acertado na escolha da peça que tanto agradou ao público, ele lança um desafio ao prefeito Athos Avelino.

- Em sua administração, Athos deveria inaugurar um grande teatro em Montes Claros, com estrutura para trazer, que seja quinzenal ou mensalmente, espetáculos dignos do nosso povo do Norte de Minas.

Ele diz ainda que, enquanto não isso não acontece, continuará trazendo bons espetáculos, improvisando nos auditórios das escolas. Acredita que é possível.

- A Funorte e a rede Soebras saíram na frente, com Histórias da gente – conclui o professor.

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