Alívio na ciência

Mobilização de pesquisadores no país faz o Ministério da Educação manter verba para a área em 2019

Bruno Inácio / Malu Damázio
Hoje em Dia - Belo Horizonte
08/08/2018 às 07:26.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:49
 (MAURICIO VIEIRA/hoje em dia)

(MAURICIO VIEIRA/hoje em dia)

Pesquisadores brasileiros começam a respirar aliviados. Após pressão da comunidade científica, o governo federal garantiu que não faltará dinheiro para o pagamento dos estudantes atendidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no próximo ano. Só em Minas, cerca de 10 mil bolsistas seriam prejudicados caso a previsão de corte da verba destinada à agência fosse mantida.

O contingenciamento está previsto na atual proposta orçamentária de 2019, que prevê R$ 2,8 bilhões a menos de investimentos na Capes em relação ao que foi recebido pelo órgão em 2018: R$ 23,6 bilhões. O projeto deve ser encaminhado até 31 de agosto para ser votado no Congresso. 

A agência divulgou uma carta alertando que, em todo o país, 93 mil pós-graduandos corriam o risco de receber subsídios da União só até agosto de 2019. No entanto, a garantia dos recursos foi anunciada pelo ministro da Educação, Rossieli Soares, após reunião com Estevão Colnago, titular da pasta do Planejamento, responsável por elaborar a alocação de recursos para o próximo ano.

O MEC assegurou que o governo federal busca soluções para o orçamento da pasta. “O presidente Michel Temer falou sobre não ter corte para as bolsas. Ele dá prioridade para elas”, afirmou Soares. Segundo ele, ainda nesta semana será realizada uma série de estudos sobre o tema. “Mas já com esta garantia (de dinheiro para os estudantes)”.
 
PREJUÍZO
Trabalhando na criação de uma vacina contra a dengue desde 2005, o professor da UFMG Flávio da Fonseca comemorou a manutenção da verba. No entanto, lamentou que a medida tenha sido anunciada só após manifestação dos bolsistas. 

“A carta da Capes atingiu o objetivo. Mas é muito ruim vivermos nessa constante ameaça de cortes. É preciso ficar convencendo o governo de algo óbvio, que essas áreas são prioridades”.

Hoje, os principais centros de pesquisa brasileiros são as universidades e institutos, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). “Quase a totalidade de estudos na UFMG é desenvolvida por pós-graduandos. Com o fim das bolsas, acaba-se o pós-doutorado, o doutorado e o mestrado. Se elas fossem cortadas, seria decretada a morte das pesquisas no Brasil”, frisou Flávio Fonseca.

Para o professor, os recorrentes contingenciamentos, em função da PEC que limita os gastos públicos, impedem avanços na área. “Nosso projeto da vacina da dengue, por exemplo, poderia estar em fase final, mas só engatinha. Desde o início só teve R$ 500 mil em investimentos”, disse.

O Ministério da Saúde, em nota, informou ter destinado R$ 1,17 milhão em pesquisas na área, mas não especificou quanto foi liberado para a UFMG.

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