(Lucas Borges)
A Polícia Federal realizou nesta quarta-feira (06) uma operação contra o suposto desvio de verbas destinadas ao Memorial da Anistia Política do Brasil, que está sendo construído em Belo Horizonte. O projeto é financiado pelo Ministério da Justiça e está sendo executado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
De acordo com a PF, a operação Esperança Equilibrista – referência a um trecho da música “O Bêbado e a Equilibrista”, de João Bosco e Aldir Blanc, considerada o “hino dos anistiados” – cumpriu oito mandados de condução coercitiva e 11 de busca e apreensão. O atual reitor da instituição, Jaime Arturo Ramírez, e a vice Sandra Goulart, eleita para a reitoria a partir de 2018, então entre os servidores que prestaram depoimento.
A ação conta com o apoio da Controladoria Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo o apurado pela PF, teriam sido gastos mais de R$ 19 milhões na construção e em pesquisas de conteúdo para a exposição. Porém, o único produto aparente da obra é um dos prédios anexos, ainda inacabado.
Do total repassado à UFMG, quase R$ 4 milhões teriam sido desviados por meio de fraudes em pagamentos feitos pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), contratada para pesquisas de conteúdo e produção de material para a exposição.
Os supostos desvios até agora identificados pela investigação teriam acontecido em pagamentos a fornecedores sem relação com o projeto e em bolsas de estágio e de extensão.
HISTÓRIA
Idealizado em 2008, o projeto do Memorial tem como objetivo a preservação e a difusão da memória política dos períodos de repressão.
A obra acontece no bairro Santo Antônio, onde seria instalada uma exposição de longa duração com obras e materiais históricos, além da construção de dois prédios anexos e de uma praça de convivência.
Segundo a PF, o montante supostamente desviado pelo esquema fraudulento deve aumentar até a conclusão do inquérito, após as análises dos materiais apreendidos e interrogatórios dos envolvidos.
Em nota, a UFMG informou que não pode comentar o caso pois ele corre em sigilo, mas garantiu estar contribuindo com as investigações. O reitor não deu declarações à imprensa e a vice-reitora não foi encontrada para falar sobre o assunto. Ex-reitores e servidores da UFMG se manifestaram contra a condução coercitiva dos colegas.