Poesia, música, ritmo e viola com Roberto Diamanso

Feira Missionária recebeu o menestrel que faz música artesanal com doses generosas de arte, requinte e beleza

Adriana Queiroz
O Norte - Montes Claros
18/09/2018 às 06:19.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:30
 (Carina Retratista/Divulgação)

(Carina Retratista/Divulgação)

Roberto Diamanso, de 55 anos, cantador, cantor e compositor foi uma das atrações neste fim de semana em Montes Claros. Ele participou da tradicional feira missionária que acontece todos os anos na cidade. Diamanso estudou Teologia e Música na Universidade Livre de Música (ULM). Autodidata, entre os seus trabalhos, “Menestrel”, no qual registrou sua poesia repleta de realidade nordestina e da riqueza do evangelho. O trabalho teve a produção de Emílio Mendonça, músico e arranjador, além de “Alagoas em Cena” (esgotado), “Plantas e Habite-se,” “EmComOutro” e “Pai Nosso”.

O músico nasceu em Alagoas, viveu no sertão, no agreste, foi para São Paulo e ficou um tempo lá e, hoje, reside em Maceió. Foi criado numa pequena fazenda, onde aprendeu os cânticos, as cantigas de trabalho das mulheres, das despenicadeiras de amendoim, na verdade mondubim.

“Amo aprender, amo conhecimento e estou aprendendo. A minha formação é estar em curso. Feliz por estar em Montes Claros, pela terceira vez. Me alegra bastante de participar dessa feira missionária”, disse o cantor.
 
Como você vê a música brasileira hoje?
Penso que a música brasileira é uma música muito bela, tem muita criatividade, desde os cantadores, os repentistas, os emboladores, o forró – a música mais dançante do nordeste até a música urbana que está por todo lugar e se funde, até o rap. Acredito que música como toda arte, quando expressão de vida verdadeira é muito bom.
 
O que lhe deixa mais triste no meio?
Quando a música não é produto daquilo que o cara crê de verdade, não vem do coração dele, e é feita com aquela intenção ruim, de ganhar dinheiro. Isso acontece no nordeste também, o cara rodeado de mulheres, contando nota de cem, os vaqueiros cantando isso... Isso eu lamento. Alguns deles até têm conteúdo e poderia fazer coisas diferentes. Mas quando fazem essas coisas para ganhar dinheiro, é triste. Uma tristeza é o artista querer ser famoso. Isso é muito ruim.
 
Fale de suas influências.
Fui muito influenciado por um cantador da Bahia, o Elomar, o Gilberto Gil me influencia também. No meio evangélico, o Jorge Camargo, o João Alexandre, embora minha música é bastante diferente da música do João. Ele tem um jeito de tocar o violão que é muito dele. Meus parceiros são o Sérgio do Acordeom, que inclusive está doente, na UTI, o Silvestre Kuhlmann, o Bruno Albuquerque.
 
Em sua opinião, quem é o maior cordelista do Brasil?
Não quero dizer quem é o maior, mas quero falar de um que é das Alagoas, o João Gomes de Sá, que escreveu a história de “O Corcunda de Notre Dame” em Cordel. Em 2008 esse livro foi selecionado pelo Ministério da Educação para o Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE) para composição de acervo das escolas públicas. Em 2010, seu romance de cordel “A saga de Berenice e seu boizinho encantado” (Editora Luzeiro) foi premiado pelo Ministério da Cultura. Ele para mim é um grande poeta.

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