“O que sustenta a gente não tem nada a ver com música”

Nesta entrevista concedida ao jornalista Andrey Librelon, editor da Revista Conteúdo Cristão, logo após o show, Marcos Almeida mostra simplicidade, empatia e diz que é importante ter vozes contrárias a, digamos, teologia da prosperidade

Jornal O Norte
20/05/2014 às 11:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 16:50

Andrey Librelon
Especialmente para O NORTE





 

Foto: DivulgaçãoMarcos Almeida anuncia com exclusividade pausa na banda Palavrantiga e o desejo de voltar a Montes Claros


 




AL – A Igreja atual me parece ser muito resistente ao ‘estilo pop’ em detrimento aos louvores congregacionais executados em exaustão em nossos templos você não acha.

MA – Não sei! Existem muitas igrejas, né (sic) cara. A comunidade que eu participo, por exemplo, é muito eclética. Temos cultos que tem axé, rap, forró e tem o culto clássico que eu participo aos domingos pela manhã que tem só hino, com coral, quartetos, piano. Acho que vivemos num tempo de convergências, onde as diferenças conseguem conviver bem. O que sustenta a gente não tem nada a ver com música, não é? Quando o cara cai na real em relação a isso, as diferenças ficam menores.

AL – Na cidade dos homens, tem gente que consegue ouvir?
MA– (risos altos) Acho que sim! (risos altos) Acho que sim!


AL– Em entrevista à Rede Super (Igreja Batista da Lagoinha) em 2012, você disse que o grande desafio enquanto músico é transformar uma produção, um texto ou poesia, num produto que é exposto na prateleira. É o principal desafio do músico cristão?

MA – A tensão maior é quando você vê um material que é da alma, que não tem preço, virar um item de prateleira. Você vive essa tensão sempre. A arte, a música não tem valor monetário e você acaba tendo que gravar um disco e esse disco vai ter que ir para a prateleira, vender enfim. Esse é o sentido, da arte tocar algo que não tem preço.


AL– Você que lê Rookmarker (risos) acha que os cristãos/evangélicos estão carentes de uma literatura que os interesse, que os faça curtir esse tipo de música?

MA – Isso está muito relacionado com aquilo que a gente lê e o que a gente ouve. E não só isso. Também tem a ver com o que a gente ouve nos púlpitos das igrejas. Toda essa questão da mediocridade nas letras de muita música gospel, e essa pequenez criativa, questão poética, não é culpa dos caras que compõem não. É o contexto que eles vivem. Se eles tivessem um púlpito melhor, se tivessem uma pregação mais abrangente e tivessem coragem de se encontrar com outras frentes, outras vertentes cristãs, acredito que eles iriam se enriquecer mais. Então, para quem aprecia a arte também. É muito contextual. Então, toda a arte também tem esse vínculo com o social, com o tipo de pessoal, família, igreja, bairro. Enfim, acaba tocando em coisas mais amplas.

AL – A banda Palavrantiga, que você integra, anunciou oficialmente há duas semanas nas mídias sociais que o Marcos Almeida entrará para um ‘período sabático’. Para alegria ou tristeza dos fãs, o que significa esse período?

MA – (risos altos) As pessoas me perguntaram se “sabático” é uma nova banda (risos).  E nem virei judeu! (risos)

AL – Tem a ver com a banda Black Sabbath? (rs)

MA – (risos) Não, cara. Não tem nada a ver. (risos) Não é uma nova banda. Mas é preciso renovar. Eu preciso me encontrar com coisas novas, me inspirar naquilo que eu não me inspirava antes. É isso que eu estou esperando. Um tempo de reflexão, de descansar a terra do coração.

AL – Você tocou pela primeira vez em Montes Claros. O que você achou de pisar na terra de Beto Guedes?

MA – Me tragam de volta aí (risos). Gostei de mais, cara, muito mesmo. Me senti em casa. Amo Minas, amo Montes Claros, terra do Beto Guedes, e de tanta gente legal que fez e faz história. Espero voltar, quem sabe, o mais breve possível. Deixo pra Montes Claros a motivação de continuarem a compartilhar a esperança subvertendo a esse mundo com alegria.     

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