Festas de Agosto: montes-clarense Bob Silva resgata influência negra no palco da Matriz

Adriana Queiroz
Montes Claros
15/08/2017 às 00:08.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:05
 (Divulgação)

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Um show em que a cultura negra dialoga com o reggae, estilo imortalizado por Bob Marley, é o que promete o montes-clarense Bob Silva para as Festas de Agosto, que começam nesta quarta-feira. Aos 24 anos, o músico, que toca em toda a região, e mais quatro artistas subirão ao palco para apresentar canções próprias, com letras engajadas, e outras já consagradas e que ajudaram a difundir o estilo mundo afora. Nesta entrevista, Bob Silva fala da aceitação do reggae no Norte de Minas e do que o público pode esperar do show no dia 20, às 22h, na Praça da Matriz.
 
O público norte-mineiro tem uma identificação muito grande com o reggae. Você está preparando algo especial para o show?
Com certeza a galera de Montes Claros tem um grande carinho com a música reggae e se mostra conhecedora do estilo nos shows que acontecem na cidade. Será uma apresentação especial, pois a noite vai celebrar a africanidade existente nas Festas de Agosto, resgatando essa cultura. Será um repertório bem raiz para relembrar o verdadeiro sentido da festa, uma vez que o reggae também é música negra.
 
O público pode aguardar alguma novidade?
O show será voltado para as matrizes que originam a festa, por isso, contaremos com um percussionista de fora, o Gabriel Pires da banda Apoena, com influências da beira do Rio São Francisco. Somando com nossa equipe, somos cinco integrantes no palco, resgatando essas raízes negras em mistura com o reggae.
 
Como você avalia o cenário local de reggae?
O reggae tem uma história bonita na região. O ritmo encabeçou o cenário alternativo na cidade por longos anos, sendo representante da juventude à frente de ritmos como o rock ou o rap. Houve um crescimento grande entre 2005 e 2015, acompanhando o estouro do ritmo em todo o país, com o surgimento de novas bandas.

Montes Claros não ficou para trás. Hoje somos a única banda em atividade tocando em toda a região e também para fora, levando nossa cultura e influências por todo o país.
 
Como é fazer reggae aqui?
O reggae ainda é um ritmo secundário na região, pois representa a cena alternativa sobrevivendo ao lado de gêneros como o sertanejo, arrocha e axé, que comandam a região. O povo cobra dos produtores de eventos para que tenha o som da Jamaica.

A maior barreira que enfrentamos ainda é o preconceito: associar o ritmo às drogas, uma desinformação.
 
O reggae do Norte de Minas tem características próprias que o diferenciam do que é produzido no Brasil?
No Brasil existem bandas espalhadas em todas as regiões, mas o reggae do Norte de Minas é especial, pois leva fortes características de nossa cultura e particularidades de nossa região, deixando o ritmo mais quente, bem animado, com letras engajadas e dançantes, com poder de agradar todos os públicos e de todas as idades – até quem não se identifica com a música reggae.
 

“Para mim o reggae é sentimento, é tudo que você não consegue explicar porque está além da compreensão. Só o coração pode ouvi-lo, quem não o sente, não o conhece”
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