Fabrício Galavoti: "Muitas pessoas acham que o grafite é vandalismo"

O montes-clarense Fabrício Galavoti fala de sua arte de rua, iniciada aos 16 anos

Adriana Queiroz
01/09/2017 às 08:20.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:22
 (Divulgação)

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Grafite vem do grego graphein, que significava “sulcar, arranhar”. Nas primeiras civilizações dotadas de linguagem escrita, era desse modo que se registravam informações, ideias, sentimentos: escavando pequenos tabletes de argila. Na Roma Antiga, o termo latino grafito (no plural, graffiti) significava “arranhão, inscrição em parede” e denominava um hábito que os viajantes tinham de inscrever seu nome nos monumentos visitados.

Mas o grafite, como é conhecido hoje, surgiu com o movimento hip-hop, na década de 1970, entre as comunidades afro-americanas dos Estados Unidos. Por ser uma forma de arte livre e executada nas ruas, o grafite logo ganhou espaço entre os jovens das classes populares, como um modo de expressar ideias, desejos e questionamentos, tornando-se um canal para divulgar mensagens de cunho social e político.

O montes-clarense Fabrício Galavoti, vem destacando-se na cena local, com seus grafites que misturam arte e crítica social.

Fabrício começou a desenhar com 8 anos, em São Paulo, e seu interesse foi por histórias em quadrinhos da Turma da Mônica.

Floquinho foi seu primeiro desenho, o misterioso animal de estimação do Cebolinha. Com uma pelagem pra lá de original e, ainda por cima, verde, espalha a dúvida por onde passa: está indo ou andando de costas? De que lado é o focinho? Seria mesmo um cachorro?

Outra de suas peculiaridades, bastante explorada pelos roteiristas, é que seus pelos podem esconder objetos de diversos tamanhos. Vira e mexe, alguém da Turminha encontra perto dele alguma coisa que estava perdida fazia tempo.

“Morava em São Paulo, berço do grafite no Brasil. Passava nos lugares e ficava aficionado nos painéis, e foi aí que me interessei. Voltei para Montes Claros com 16 anos e comecei a fazer um desenho com pincel em meu quarto, foi o primeiro grafite em 1996. Nessa época não conhecia as pessoas que faziam essa arte em Montes Claros, mas andava por aí com meu spray sozinho mesmo. Logo conheci alguns pichadores, e foi assim o primeiro contato com a tal tinta”, conta.
 
Quais são suas influências?
Comprava algumas revistas sobre grafite do Binho Ribeiro (precursor do grafite no Brasil) da 3º Mundo, hoje já extinta, e foi assim a minha influência; já que não havia grafite na cidade.
 
O que deve fazer o jovem montes-clarense que deseja iniciar os trabalhos com o grafite?
Hoje em dia existe uma oficina de grafite em Montes Claros no programa “Fica Vivo” para os jovens que se interessam pelo grafite, inteiramente gratuito.
 
O que você transmite em suas obras?
Sigo vários segmentos e vertentes do grafite com personagens, letras (Wild Style, Bomb) e criações como Doodles. E tenho um ministério, uma retribuição a Deus pelo dom que Ele me concedeu, dedicando algumas artes a Jesus fazendo grafites evangelísticos e levando o nome e a palavra de Deus aos muros da nossa cidade.
 
Quais barreiras a sua arte quebrou e ainda tem a quebrar?
Tentamos quebrar barreiras com a falta de acesso aos muros da cidade, devido ao preconceito de muitas pessoas por acharem que o grafite é vandalismo e pichação. Infelizmente é o que mais se vê, por ser uma cidade que não conhece bem a nossa arte, mas estamos difundindo bem o grafite por aqui.
 
 Você ministra oficinas de grafite?
Cheguei a dar aulas para crianças em projetos sociais, mas ficou inviável para mim, devido aos horários, pois tenho outra profissão, mas foi uma experiência muito relevante para minha trajetória.
 
Como você divulga sua arte?
Divulgamos nossa arte indo para a rua, é a melhor forma. Deixando as pessoas verem do que somos capazes de fazer e fazemos por amor a arte e pela cidade (por querer vê-la mais bonita e colorida) e também divulgo no Facebook, Instagran e WathsApp, onde o pessoal reconhece , curte e me incentiva bastante. (Facebook - Fabricio Galavoti / Instagran @galavotifabricio) Telefone: (38) 991575949.

  

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