Crítica: O Diário de Bridget Jones brinca com situações do cotidiano das balsaquianas

Jornal O Norte
31/03/2008 às 09:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:28

Fabíola Cangussu


Repórter 



Antes de tudo, faz-se necessário pedir desculpas às mulheres com menos de trinta anos, pois certamente, elas não entendem a essência real de O Diário de Bridget Jones. Isso não significa que elas não consigam se divertir e perceber a genialidade que cerca essa obra cinematográfica. Mas certamente podem cair na tentação de achar os sentimentos abordados nas cenas como algo que beire a insensatez.

O que significa fazer trinta anos? Para alguns nada além de cronologia. Mas para aquelas que se tornaram balzaquianas, alguns alertas começam a soar em suas vidas. E algumas posturas parecem não mais ter espaço, mesmo que uma parte da alma ainda acredite que a vida esteja andando num ritmo agradável.

Chegar aos 30 com a vida profissional definida é desejo de todos, mas a cada dia isso está mais complicado. Há duas décadas, aos 18 anos as pessoas já estavam inseridas no mercado de trabalho. Hoje, não é raro que ainda estejam dentro de universidades se aprimorando. Porém as cobranças continuam. E dizer a todos, Calma! É questão de sobrevivência.

Quem acha que isso é uma tarefa fácil nunca ouviu falar de choque de gerações. Neste momento, milhares e milhares de pessoas estão com gritos silenciosos amordaçados na garganta suplicando paciência. E para a mulher tudo se complica. Um relógio biológico faz tic tac nos olhares das pessoas.

Nasce aí a angustia de ter que fazer escolhas sem opções claras. Ser uma profissional pronta para o mercado e ainda, a mulher bem resolvida emocionalmente, capaz de ter o grande amor do lado, juntamente com filhos lindos de propaganda de margarina.

Bom, essa é a personagem principal de O Diário de Bridget Jones, vivida por Renée Zellweger, que teve que engordar mais de 10 quilos para dar maior verdade ao filme, pois aos que desconhecem esse fato, vale um esclarecimento - Aos 30, as mulheres adquirem maiores chances de engordar. Nessa fase começa a queda do metabolismo. Assim, todos os esforços para manter o padrão de beleza pré-estabelecido deve ser triplicado.

Bridget tem a capacidade de constranger a todos por se envolver em situações inusitadas, mas também causa uma identificação instantânea com o público. Ela é uma mulher absolutamente comum, com 33 anos, ainda não casou, não adquiriu a ascensão profissional que deseja, vive prometendo entrar em dieta e mantém uma relação com a mãe de amor e ódio.

Nossa! Nesse momento deve ter alguém pensando, eu conheço Bridget.

Então continuemos. Depois de um ano de gafes, assistir a filmes com temas de amor realizados, e horas e horas de músicas como All by myself, Bridget decide mudar sua vida e encontrar seu grande amor. Epa, de novo a história volta a ter um jeito familiar! A primeira medida de Bridget é comprar um diário, onde relata seu dia nos mínimos detalhes. Mas engana-se quem pensa que isso deixa o filme cansativo. O ritmo dos conflitos da personagem é tão dinâmico e tão fácil de ser identificado, que o público logo se ver envolvido por gargalhadas e por questionamentos pessoais.

Renée conseguiu dar o tom perfeito a Bridget, nem nos faz perceber que é uma americana dando vida a uma inglesa. A delicadeza de Renée contrasta com as loucuras da personagem. E Daniel Claver, interpretado por Hugh Grant, é mais um achado. A cara de bom moço do ator, perito em apoderar-se dos textos como se fosse dele próprio, faz com que a idéia do cafajeste seja mais real.

Uma das maiores reclamações feminina é, como fui cai na conversa dele? Mas ele não parecia ser assim! Pois bem, Hugh foi feito para o papel! Quem imaginaria que um homem de olhar doce poderia machucar alguém?

Um outro ponto importante são os amigos de Bridget - Jude, melhor amiga, que a todo momento liga para contar as historia sobre o namorado idiota; Shaza a mais centrada e Tom um músico homossexual. Companheiros de todas as horas, que aceitam e entendem a amiga e vivem numa torcida mútua para que conquistem a felicidade.

Vale a dica! Embora seja um filme sobre e para as mulheres é indicado aos homens também, que com certeza irão dar boas gargalhadas e ainda, conhecer um pouco do maravilhoso e confuso universo feminino. Reserve já em sua locadora favorita.

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