Cia. dos Sonhos se prepara para temporada 2008

Jornal O Norte
07/03/2008 às 11:39.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:27

Nesse ano, a Cia. leva o espetáculo


Folianus Catopê para


outras cidades mineiras

Jerúsia Arruda


Repórter

Associação Cultural Companhia do Sonho se prepara para mais uma temporada com o espetáculo Folianus Catopé, que há dois anos vem sendo apresentado em Montes Claros e região.

O espetáculo, construído a partir do resultado de uma intensa pesquisa sobre a matriz cultural negra, da prática do gongado na cidade, o catopê, a forma secular de venerar os deuses do sincretismo religioso da região, nesse ano, será levado a outros centros.



A diretora da companhia, Solange Sarmento diz que a partir do próximo mês de maio, o espetáculo fará parte de um festival em Ipatinga/MG e uma mostra em Belo Horizonte e, no mês de junho, uma mostra em Conselheiro Lafaiete/MG.

- Estamos finalizando a estruturação do galpão, sede da companhia, onde realizamos os ensaios do espetáculo e oficinas, com participação da comunidade. Nesse ano, estamos trabalhando com meninas do projeto Sentinela, que participam de oficinas de preparação teatral, numa parceria da companhia com o município – explica.

FOLIANUS CATOPÊ

O espetáculo conta a história de dois povos diferentes, os Cabernesis e os Caianãs, lavradores que viviam séculos, produziam bebidas sagradas e venerava o Deus Folianus Catopé. Em maio os Caianãs tomava emprestado do Deus a sua língua, que simbolizava a canção e também produziam a cachaça, quando as tanajuras faziam sua revoada.

Em novembro, os Cabernesis recebiam o tambor, que é o coração do Deus e produziam o vinho, quando o primeiro fruto do pequi caía no chão. No ano cinco mil, um fenômeno astral desnorteou a natureza e simultaneamente, no mês de agosto, a tanajura voou e o pequi caiu. Os povos celebraram seus rituais, ao mesmo tempo, o que deixou Folianus indefeso, sem tambor e sem língua. Clerus, o servo do destino aproveitou-se da ocasião e condenou Folianus ao exílio em terras distantes ao norte. Os povos desconhecendo o destino de seu Deus continuaram seus rituais. Acontecimentos se passaram e uma tragédia se sucedeu a outra, o Deus perdeu sua língua e seu coração-tambor, os lideres dos dois povos se uniram em matrimonio e o filho desta união foi crucificado até que a inspiração movida pelo desespero provoca a ação do Rei Bacus e da Rainha Salina que restituem ao Deus Folianus seus bens emprestados, mesmo que por um remédio amargo. Clerus fora punido, mas ainda insatisfeito sai rogando pragas aos povos, Folianus troca cada dor retirada dos corações desses povos por fitas coloridas e ordena que formem um só povo. Desde então esse povo, em agosto, se enfeita pra dançar, tocar e cantar em homenagens aos seus antepassados.

CONCEPÇÃO

Solange conta que o espetáculo foi concebido para se venerar um legado, este que nessa ficção é representado pelo Deus Folianus Catopê.

- Essa encenação foi construída a partir do resultado de uma intensa pesquisa sobre a matriz cultural negra, realizada a várias mãos, ainda que de forma empírica.  Desta pesquisa um destaque a sua ramificação que representa a prática do gongado em nossa cidade. É uma colcha de retalhos que apresenta em seu canto, em suas danças, em suas indumentárias e adereços, alusões à herança de nossa matriz referencial, mas que não se furta de se estabelecer como um possível devir de toda essa herança, um devaneio de uma prática cênica espetacularizada – explica.

Compartilhar
Logotipo O NorteLogotipo O Norte
E-MAIL:jornalismo@onorte.net
ENDEREÇO:Rua Justino CâmaraCentro - Montes Claros - MGCEP: 39400-010
O Norte© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por